terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mediunidade na Umbanda – Parte 2 de 4


Seguindo nossa abordagem sobre este tema tão interessante, é preciso darmos ao menos uma pincelada sobre os tipos de mediunidade.

A mediunidade poderá se manifestar de inúmeras formas, ou seja poderemos perceber e entender a atividade mediúnica das seguintes maneiras:

a) A intuição, a mais primária e primordial manifestação da mediunidade. A intuição é quando captamos de uma outra inteligência de uma outra mente que não a nossa alguma informação ou aviso. É aquela voz que se forma no fundo de nossas mentes, uma idéia relâmpago, que do nada surge, mas que sabidamente parece que nos foi assoprada.

Um exemplo da intuição se deu comigo: em uma ocasião eu e minha esposa, na época minha namorada, estávamos parados no sinal vermelho em uma ladeira. Um pouco antes do sinal abrir veio uma vontade de deixar o carro descer de ré a ladeira, e assim o fiz. Parei, e como se algo me dissesse demorei alguns segundos para arrancar o carro quando o sinal abriu. Mas foi o suficiente para evitar um grave acidente. Um veículo grande furou o sinal em alta velocidade. Se eu não tivesse deixado o carro descer, ou mesmo se arrancasse imediatamente ao ver o sinal verde, muitas coisas estariam diferentes hoje. Saber ouvir e interpretar estes pequenos avisos é um dos grandes desafios de todos nós. Quem não tem uma história parecida que antes de fazer alguma coisa não escutou um aviso e não deu bola e algo aconteceu?

b) Outra forma da mediunidade é a própria percepção sensorial, a sensibilidade. Ou seja, é a capacidade de sentirmos a presença de outros espíritos, de sentirmos as energias, e que tipo de energias estão naquela localidade naquele momento. É aquela situação em que entramos em uma casa e apesar de tudo estar bonito, organizado, algo nos oprime, nos angustia, pesa em nossos ombros e cabeças. Ou então quando adentramos em local que apesar de estranho, e desajeitado sentimos uma paz, um conforto, uma força positiva nos inundando. Ou então quando vamos ao mar e sentimos sua força, adentramos nas matas, ou adentramos num açougue, numa festa mais radical. Quem percebe estas diferenças possui uma sensibilidade mediúnica.

c) A vidência. Vidência é a capacidade de enxergar, de visualizar os espíritos, seres ou objetos de outros planos. É aquela forma de mediunidade que muitos temem, se apavoram e pedem para não ter com medo de encontrarem em suas camas e quartos outros espíritos. A vidência é assim a capacidade de visualizar o outro plano. Digo visualizar porque a vidência poderá ser mental (formação das imagens, dos espíritos, etc. na mente, não precisando a pessoa estar de olhos abertos) ou então poderá ser expressa pelos olhos físicos, ou seja a pessoa vê, enxerga o outro planos como enxergamos este texto no computador ou no papel.

d) A clarividência, é assim uma especificidade da vidência, que pode ser entendida como a capacidade de enxergar situações que acontecerão no futuro.

e) A psicografia, ou a mediunidade da escrita é outra forma. São aqueles momentos em que os médiuns por meio de caneta, lápis e papel e hoje alguns por meio do próprio teclado do computador, conseguem dar vazão a idéias e pensamentos, conseguem descrever situações, orações e acontecimentos ditados por outros seres.

f) A psicofonia, ou a mediunidade da fala. Ou seja, a mediunidade que se expressa por meio das cordas vocais. O médium descreverá, ou passará os pensamentos dos espíritos por meio de sua fala.

g) A mediunidade de materialização ou de efeitos físicos, ou seja a capacidade de dar forma visível e palpável a objetos, energias e espíritos de outros planos, ou mesmo a capacidade de desmaterializar, ou seja de fazer com que determinado pedaço de matéria deixe de existir. É a mediunidade usada nas curas físicas, ou nas aparições coletivas.

h) Ainda existirá a mediunidade das pinturas, composição de músicas, escrita direta, entre outras formas que não são tão usuais na Umbanda.

i) E é claro a mediunidade de incorporação, que não é o mesmo que psicofonia, pois é a capacidade de se permitir que um espírito use seu corpo (movimentos) e sua fala de uma só vez. A mediunidade de incorporação é a mais usual e facilmente identificada em um terreiro de Umbanda.

Percebam que eu me dirijo a formas de mediunidade e não de médiuns. Não se pode dizer que existam médiuns videntes, médiuns de incorporação, e assim por diante. Médium é médium, poderá sim ter mais facilidade para praticar e exercer uma determinada mediunidade, mas em algumas situações ou em alguns momentos da vida poderá ver surgir outras formas de mediunidade. Pois como ser médium é ser um intermediário, a forma como isto se dará não é o mais importante, e poderá ser alterada durante uma jornada na Terra.

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