sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Preconceito, orgulho e superioridade


No início de nossos trabalhos do ano de 2009 o Sr. Exu Marabô determinou que durante este ano deveríamos fazer algumas reflexões, periódicas, para que compreendêssemos a Umbanda mais intensamente. Isto é, cada mês os filhos do TULAP e quem quisesse compartilhar conosco desta tarefa, teremos um tema para meditar e estudar .

Assim o primeiro tema foi o preconceito. Devemos observar nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações para observarmos como somos preconceituosos. O preconceito racial, a discriminação social, religiosa, sexual, da opção sexual, étnica, enfim toda a forma de discriminação. Nosso querido amigo e guardião Sr. Marabô começou dizendo que todos nós escondíamos de nós mesmos estes sentimentos, estes pensamentos, e que toda e qualquer discriminação é fruto e filho do orgulho.

Quando achamos que alguém é inferior seja pela cor de sua pela, pelas suas opções, pela sua religião, etc., é porque supomos que nós somos os escolhidos e os certos, assim este sentimento claramente é o orgulho.

Quando os brancos se achavam superiores, chegaram a pregar que os negros não eram humanos, e que apenas os caucasianos (ditos brancos) eram os verdadeiros filhos de Deus. Isso se deu de forma semelhante aos indígenas e aos orientais. Era uma tentativa de justificar as barbaridades e atrocidades cometidas por estes senhores para almejarem lucros a custo de vidas.

Hoje muita se luta para que todos possamos compreender que todos somos irmãos com capacidades iguais. Muita se fala, se discute para que possamos eliminar de nossa cultura o preconceito escondido em piadas, brincadeiras e refletido no mercado de trabalho. O racismo ainda está presente em muitas famílias.

Muitos ainda acreditam que os homens são melhores e mais inteligentes que as mulheres, discriminação sexual. Outros não toleram a homossexualidade, condenam-na, tentam marginalizá-la, é a discriminação pela opção sexual. Outras pessoas acham que os pobres e miseráveis assim o são por preguiça, falta de inteligência, entre outros adjetivos que prefiro omitir, é a discriminação social. Ainda existem aqueles que afirmam que somente os seus irmãos de fé são os escolhidos por Deus, e que o seu Deus é o único verdadeiro, é a discriminação religiosa.

Enfim, muitas são as formas e os caminhos para que nossa mente transite pelo orgulho. Nada justifica a um ser se sentir superior, escolhido ou melhor do que outro, pois todos somos feitos da mesma carne, da mesma matéria, e muito mais do que isto todos somos irmãos em espírito. Curioso é percebermos que a discriminação só acontece na aparência, no supérfluo, pois estes senhores da verdade não discriminam o vaidoso, o orgulhoso, o egoísta, etc., deixando claro como estes sentimentos de discriminação e preconceitos são frutos de nossas imperfeições.

Quando exercemos o preconceito, a discriminação, deixamos de exercer o amor, e passamos a semear o ódio e a intolerância. Os grandes espíritos que habitaram nosso planeta demonstraram que abolir o preconceito, e amar indistintamente a todos é a única maneira de encontrarmos a paz e a felicidade.

Jesus Cristo sempre deixou isto claro, em passagens como a da mulher adúltera, a ida ao vale dos leprosos, a pregação da verdade do Deus-Uno para os povos não judeus, afinal nenhum povo era o escolhido, todos poderíamos encontrar a salvação. Entre outras passagens deixaram claro a pregação do Cristo contra o preconceito.

Mahtma Gandi ao pregar a união da Índia, pedindo a união dos irmão indianos, sendo eles mulçumanos, hindus, budistas ou cristãos em torno de uma pátria livre das barreiras e dos preconceitos, mostrou na prática o amor incondicional.

Na Umbanda em todos os momentos recebemos provas e inspirações contra o preconceito. Os grandes sábios da Umbanda, os “administradores” da Umbanda são os nossos ancestrais, nossos queridos Pretos-velhos, espíritos que se mostram e se manifestam negros, africanos ou afro-descendentes. Os representantes dos Orixás que trazem a força da natureza são os indígenas nossos pais e mães caboclos, os orientais são os que trazem a força da cura, os nordestinos têm espaço garantido na corrente dos Baianos trazendo alegria, sabedoria e combate às energias deletérias, as entidades femininas, seja de qual povo for terão a mesma força e importância que as entidades masculinas em nossos ritos.

Ou seja, vivemos em uma religião que nos ensina a todo o momento para não termos preconceito, seja ele regional, étnico, racial ou de gênero. Uma religião que nos ensina a amar, indistintamente. E nos ensina também a amarmos todos os seres vivos. Respeitar e amar a todos indistintamente é isto. Amar todas as formas de vida, sejam elas animais humanos ou não humanos, sejam eles vegetais, fungos, etc. Amar e respeitar o próximo, a natureza e acima de tudo entender que tudo está interligado e integrado, e que só compreendendo esta interligação, é que nos libertaremos de qualquer preconceito.

Que todos os umbandistas sejam exemplos em suas comunidades combatendo o preconceito, lutando pela paz e exercendo sempre o amor.


Saravá a todos.