quarta-feira, 30 de maio de 2012

2012 – um ano cheio de mística e profecias.


Quem não ouviu falar que o ano de 2012 é o ano do fim do mundo? Muito tem se falado no ano de 2012, aliás, desde que o mundo não acabou no ano 2000. A expectativa de muitos de plantão era que a virada do último ano do milênio passado fosse a decretação do juízo final, afinal eram essas as profecias.

Virado o milênio e as coisas continuaram a existir, então surgiram novas profecias, ou melhor novas interpretações e descobertas. A mais comumente vista é que o calendário Maia (civilização ameríndia extinta) acaba neste ano. Outros colocam a data 12 de 12 de 12 as 12:12, como dia e hora para o fim do planeta.

Isso sem contarmos outras tantas histórias que rondam sites, livros e revistas. Este tipo de profecia é uma das demonstrações de que o homem sempre espera soluções fáceis. Não seria verdade esta afirmação se encontrássemos em outras espécies a quantidade de suicídios que encontramos nos humanos. Quando as coisas não andam como deveriam, quando não consigo enfrentar meus problemas, sempre buscamos a solução mais rápida e fácil.

Quando estamos doentes buscamos pílulas, comprimidos, xaropes que em uma dose resolvam tudo. Prova disso é o que me aconteceu esses dias. Estava em uma fila de espera em um banco e escutei com rabo de ouvido uma conversa entre duas senhoras de pouco mais de 60 anos. Uma dizia que estava com uma espécie de cogumelo nos pés. A conversa se desenrolava até eu entender que se tratava de um fungo nas unhas dos pés. E falava revoltada com a outra pessoa que o tratamento era longo, seriam semanas, ou meses tomando remédio e passando pomadas para vencer o tal cogumelo. Revoltada, ainda mais, a outra senhora afirmava que como pode estarmos tão evoluídos e ainda não termos uma pílula para resolver o problema de uma só vez.

Aquecimento global, violência, sexo descompromissado, doenças incuráveis, epidemias avassaladoras, enchentes, tornados, terremotos, secas, frio e calor intenso, tudo é sinal que o mundo vai acabar, dizem os apocalípticos de plantão. Esta é a conclusão dos profetas, e a data está posta. Tudo isto pois buscamos soluções fáceis e rápidas. 

Infelizmente, ou felizmente, não acredito nisso. Quanto mais tempo passo na seara umbandista e espiritualista percebo que para mudarmos de verdade é preciso paciência, dedicação e atenção, e não existe pílula para isso. O tempo permitirá que os espíritos sejam resgatados, que outros sejam burilados, e que muitos sejam provados, e somente com este tempo é que podemos construir em nós mesmos um mundo de paz e assim contaminarmos o ambiente com esta paz. 

O tempo chega a ser enaltecido como Nkice pelos nossos irmãos Bantus, para os Yorubás, o tempo é o senhor da existência neste plano, tamanha a importância do tempo para essas culturas milenares. Os pretos-velhos nos ensinam isso a todo instante, entender, compreender o tempo, e aproveitar este tempo para a multiplicação de estados altruístas em nós e no ambiente.

O mundo não acabará, mais fácil será o ser humano ser extinto, afinal a Terra existe há milhões de anos e nós apenas a alguns milhares. A nossa arrogância chega a tal ponto que acreditamos que vamos acabar com o mundo ou então vamos salvá-lo. Estamos, sim, destruindo a nossa possibilidade de encarnar neste planeta enquanto humanos, mas isso levará anos e com muitos sofrimentos.

As condições da Terra ficarão mais difíceis haverá escassez de recursos, doenças tropicais em locais antes inimagináveis, cataclismos irão se propagar, a natureza se mexe para rearranjar seu equilíbrio e sua harmonia. Mas, como tudo levará tempo, e será um processo que já começou, infelizmente.

O que quero dizer é que devemos, temos esta obrigação com a vida e com Deus, mudar nossos hábitos, rever nosso modelo de sociedade e de desenvolvimento. Calçarmos nossas vidas em objetivos permanentes e eternos; os objetivos das virtudes e da felicidade, e não nas questões transitórias que iludem nossa mente.

Separar o lixo, diminuir o uso de plástico e de outras substâncias não naturais, diminuirmos o uso de combustíveis, frearmos o consumismo, andarmos menos de carro e mais a pé, de bicicleta ou de transportes coletivos. Reciclarmos o lixo, reaproveitarmos tudo, não despejar lixo ou substâncias tóxicas nos rios, mares, diminuirmos o consumo de água, de energia elétrica, etc. São medidas mais que necessárias e urgentes, são medidas que comprovarão nossa responsabilidade com a vida e com a Umbanda.

Este ano vamos buscar as soluções certas, sejam elas fáceis ou difíceis, vamos buscar entender o tempo, e usar o tempo que Deus e os Orixás deram a cada um para buscarmos nossa iluminação e ajudarmos a todos em nosso entorno a fazerem o mesmo. Vamos usar este tempo não para lamentar o passado, ou querer prever o futuro, mas usar este divino tempo para fazer do hoje, do ano de 2012 o melhor ano de nossas vidas, respeitando e preservando a natureza.

Sarava nosso Pai Oxalá. Epa Babá.