quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pecado, não! – Umbanda – uma fé que liberta


Muitos de nós tivemos uma educação que embutia em nossa mente, em nosso inconsciente, até, a culpa, a necessidade de punição, de auto-flagelo, de penitência, diante dos pecados. Ou seja, quando errarmos, cometermos equívocos, para o perdão divino devemos nos penitenciar, algumas vezes nos torturar, procurar infringir em nosso corpo e em nossa mente flagelos e dores.

Este pensamento faz com que muitas vezes ao invés de procurarmos corrigir nossas deficiências, acabamos por nos jogar mais para baixo, afinal somos pecadores e devemos sofrer para pagar os nosso pecados.

Na Umbanda isto não pode prosperar. “Não existe pecado no lado de baixo do equador”, já dizia Chico Buarque de Holanda. O pecado traz a nossa mente a penitência. E isto não é o que a Umbanda prega ou busca.

A Lei de ação e reação, ou lei kármica, pregada pela nossa Umbanda faz com que busquemos resolver nossos erros corrigindo-os e não nos punindo. O que isto quer dizer? Que diante da constatação de um erro, de um ato de agressão ao próximo, de um ato de agressão à natureza, de um ato de egoísmo, de vaidade, de orgulho, etc., não devemos nos culpar e nos penitenciar, pois isto só trará mais sofrimento.

Primeiro devemos agradecer por termos conseguido enxergar o erro, pois muitos passam despercebidos. Depois devemos analisar o erro e ver se podemos imediatamente corrigi-lo, pedir desculpas ao agredido, sanar as conseqüências. Quando isto é impossível, ou ainda não temos as condições emocionais e mentais para tanto, devemos pedir para que uma situação semelhante aconteça no futuro para conseguirmos vencê-la, e assim superar este desafio proposto pelo astral.

Mas, independente disto podemos imediatamente rezar, orar, refletir sobre o ocorrido, contemplar o erro para que com ele aprendamos. Compreender o que nos fez errar nos ajudará a não errar de novo, pois conheceremos este adversário melhor.

Dando continuidade a estes passos, devemos procurar agir de forma caridosa, com amor, promovendo ações, palavras e pensamentos positivos e altruístas, pois isto criará campo energético positivo em nossa volta ajudando a nossa compreensão e nos libertando das energias deletérias provocadas pelos acessos de raiva, ódio, orgulho, etc..

Em nenhum momento devemos nos aborrecer, nos culpar, nos jogar para baixo, ajoelhar no milho, ou adotar uma chibata para nos flagelar. Muito pelo contrário, devemos elevar ao máximo nosso pensamento, buscar a ajuda dos Orixás para nós e para todos os atingidos pelos nossos erros. E isso sem nenhuma culpa.

Se conseguirmos fazer isto de verdade, e formos nos libertando da culpa será um grande passo para deixarmos nossa vida mais leve e alegre. Se conseguirmos contemplar o erro e solucioná-lo, com certeza estaremos gerando muito karma positivo o que nos acenderá, em muito, na evolução de nossa alma, de nosso espírito.

Vamos quebrar os grilhões da culpa, vamos destruir a corrente da penitência, vamos libertar nosso espírito para que possamos construir um mundo cheio de Luz, Amor e Paz.

Saravá a todos!

PS. O Pai Tobias de Guiné sempre me diz que o maior cativeiro que existe é o cativeiro da alma. E o maior feitor de todos que ele conhece é a culpa. Por isso sempre me falou que substituir a culpa pela ação positiva, pelo amor é a maneira de sair do cativeiro da alma. Mas que o fato de não existir culpa, não deve ser confundido com não buscar o amor e a correção de nossos erros. Não ter culpa significa não lamentar pelo ocorrido, e sim agir pra que ele nunca mais acontece e desta forma apagar de vez o feitor de nosso espírito. Vamos renovar nossa mente, nossa alma, orar e vigiar, para que o amor seja a palavra de ordem de nossas vidas. Saravá o Pai Tobias de Guiné, Saravá a todos os Pretos e Pretas – Velhas da Umbanda. Babaê!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O desenvolvimento mediúnico - I


Como já abordamos algumas vezes em nosso site, a mediunidade é um tema que sempre nos traz dúvidas e curiosidades. Entre seus diversos apontamentos e nuances um dos pontos que mais suscita este caloroso debate é o desenvolvimento mediúnico.

Primeiro é preciso ressaltar o que diversas vezes falamos sobre qualidade mediúnica. O melhor médium é aquele mais moralizado, aquele que vigia mais suas emoções, que consegue exercer um amor incondicional a todas as criaturas. Ou seja, para nos tornarmos melhores médiuns, é imprescindível uma reforma moral em nossas vidas.

Independente da afirmação anterior, existem algumas formas e procedimentos que facilitam o médium em suas incorporações e em seus trabalhos.

Para isso precisamos entender que a mediunidade sempre envolve nossa alma, nossa mente, sendo que o nosso corpo só se envolve após os dois primeiros momentos. Assim precisamos elevar nossos pensamentos, nossa vibração para facilitar o intercâmbio mediúnico.

Não é a toa que os médiuns de Umbanda, 24 horas antes de seus trabalhos, abstêm-se de uma série de alimentos e atividades. O objetivo é zelarmos para que o nosso corpo esteja o mais puro possível.

Seguindo a nossa preparação, momentos antes de nossas giras, devemos zelar para que nossos pensamentos, nossa mente, estejam mais calmos possíveis. Diante disto, é importante deixarmos nossos problemas para o momento das consultas ou dos passes, o restante do tempo devemos nos doar, “sacrificando” o nosso eu, em prol de todos os presentes.

Iniciando a gira é preciso que o médium se envolva com o ritual. Acompanhe os pontos, cante com emoção, para que a mente entre neste ritmo. Ou seja, o ritual disciplina a nossa mente facilitando que nossas mentes deixem nossas questões individuais, nossos problemas pessoais de lado, e canaliza as nossas energias para um ponto em comum fortalecendo o congá e a magia da casa, ao mesmo tempo que facilita o trabalho mediúnico.

Acreditar que o início da gira não é importante, deixar os pensamentos voando, ou ficar chegando sempre atrasado não ajudam este processo tão caro e importante para os médiuns.

Disciplinado com o ritual, com nossa preparação em dia, iniciam-se os pontos que permitem as incorporações. “O que fazer agora?” Fico parado esperando alguém me tomar?” “Como vou saber se estou incorporando, se a entidade está se aproximando?” “Sinto a presença, sinto a energia o que faço?”

Primeiro vamos lembrar do início do texto, a incorporação passa pela nossa mente e pela nossa alma. Isto é, precisamos auxiliar nossa mente neste processo. Entoam-se pontos para Oxossi, cantando deixemos nossa mente caminhar pelas matas, florestas e bosques, vamos em busca da mata astral, trazendo esta energia para o conga, e ao mesmo tempo elevarmos nossa mente, nosso padrão vibratório, aproximando nossa alma de nossos guias, facilitando a incorporação. O mesmo devemos fazer com Xangô, montanhas, serras, cachoeiras cheias de pedras, grandes pedreiras. Yemanjá, o mar, praias, oceano, encosta marítima. Oxum, rios, cachoeiras cheias de flores. Etc.

Se a pessoa tem muita dificuldade em levar a mente até os sítios da natureza e assim aos sítios dos Orixás, pode proceder de uma outra forma: cantando, entoando os pontos cantados, deixar a mente rezando, orando para todos os presentes, pedindo para que os Orixás abençoem todos os espíritos ali presentes. Esta prática também eleva a mente facilitando as incorporações.

Por outro lado, permitir que a mente fique julgando o irmão de corrente, analisando roupas, acessórios, cabelo, ou qualquer outra coisa, deixar a mente divagando em seus problemas irá desfavorecer as incorporações além de dificultar o trabalho da casa.

Este é o primeiro texto a este respeito, vamos trazer outros textos para que possamos ajudar a nossa mente, facilitando nossa caminhada neste seara, a seara mediúnica.

Muito AXÉ, Muita Luz para todos. Muita responsabilidade e compromisso, mediunidade e Umbanda são coisas sérias, muito sérias, mas isso não quer dizer tristes. Fazer nosso trabalho com alegria, isso é imprescindível, mas nunca confundir esta alegria com irresponsabilidade. Saravá!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O uso do álcoo - Fundamentos da Umbanda - VI


Uma das coisas que faz com que muitos tenham preconceito e até aversão a Umbanda é a utilização de bebidas alcoólicas pelas entidades. Antes de explicarmos a razão e os mistérios desse fundamento, vamos fazer um paralelo com outras religiões.

Qual foi um dos milagres de Jesus Cristo, a água transformada em vinho. Na Igreja Católica Apostólica Romana e nas Católicas Ortodoxas no sacramento da eucaristia o pão representa a carne de Cristo e o Vinho representa o sangue de Cristo, em uma ação que remete à última ceia, demonstrando a união de todos, a comunhão dos fiéis com o filho de Deus.

Em muitas religiões da África o vinho de palma, entre outras bebidas com teor alcoólico, são néctares das divindades. Os Gregos possuíam uma divindade para o Vinho, Baco. Em religiões e cultos xamânicos e ameríndios, em situações determinadas muitos pajés, fazem uso de bebidas com características semelhantes às alcoolizadas.

Enfim, diversas são as religiões que se utilizam da bebida alcoólica como um de seus fundamentos.

Na Umbanda não é diferente, o álcool tem um significado e uma utilização clara e com muito fundamento.

O álcool representa em si mesmo a essência dos elementos: é líquido, veio da terra (cana), pega fogo e é extremamente volátil. É da própria constituição que se assemelha ao éter, e assim à passagem do plano material para o etéreo.

Não só do ponto de vista magístico, mas de outros pontos de vista existe a razão da utilização desse elemento. Comprovadamente é um anti-séptico, ou seja, limpa e desinfeta regiões. É utilizado como desinfetante. Junto com a água serve como excelente diluidor. O álcool 70 (álcool a 70%) é muito utilizado em hospitais e clínicas para a limpeza (assepsia) das mãos e de balcões e utensílios. O álcool de cereais é utilizado em muitos medicamentos para a sua conservação e diluição. O álcool em forma de brandy é utilizado na homeopatia e na medicina floral para a conservação dos medicamentos. Isto para citar alguns exemplos do uso desta substância.

Sua geometria química também auxilia na modelação e materialização (desmaterialização) no plano astral, permitindo que as entidades se utilizem da matéria etérica do álcool para as curas e desinfecções, além de seus efeitos no campo astral na limpeza de miasmas, larvas astrais e outros tipos de concentrações de energias deletérias. Junto com o fogo e com a fumaça (defumação e tabaco) são essenciais na destruição de campos deletérios e de vínculos realizados por feitiçaria.

Ou seja, há uma razão para a utilização do álcool, sob diversos pontos de vista. A pergunta que permanece e gera controvérsia é a ingestão das bebidas alcoólicas pelos médiuns incorporados.

Para começarmos a responder esta pergunta, primeiro temos que observar que nenhum médium ingere bebidas alcoólicas antes de suas incorporações, aliás, devemos nos abster, pelo menos, 24horas antes do início das giras de qualquer bebida alcoólica. Nenhum médium se embriaga, não há a ingestão de bebidas em quantidades exorbitante. Assim, as bebidas alcoólicas ingeridas pelos médiuns já incorporados não é feito para entrarem em um estado de consciência alterado, ou para entrarem em transe, uma vez que se o fizessem com esta finalidade deveriam fazer antes de sua manifestação mediúnica, e não após a mesma. Ou seja, o álcool ingerido serve a outros propósitos que não o da embriaguez, ou para a alteração dos estados de consciência.

“Mas se não tem esta razão por que se deve bebê-lo, e não apenas ter este elemento no ponto, ou no chão?” Alguns podem ainda questionar. Primeiramente devemos recordar que o álcool ingerido tem sua eliminação prioritariamente pelo sistema respiratório, ou seja, pelo pulmão. Quando o álcool é absorvido pelo organismo, a primeira e maior parte do álcool é expelido na nossa respiração, é por isto que o bafômetro pode detectar quem ingeriu e quem não ingeriu álcool e qual a sua quantidade.

Assim quando um médium incorporado toma a bebida alcoólica imediatamente ele começará a ser eliminado pelos pulmões. E o que é que as entidades fazem? Não dão sopros ou baforadas para limpar e ajudar a assistência? Não vão em suas consultas administrar vibrações, passes, e com eles aplicar sopros? É neste momento que o astral irá manipular o álcool para criar as condições necessárias para a limpeza, a materialização ou desmaterialização.

Então a entidade incorporada começa a soprar, dar suas baforadas nos consulentes criando as condições materiais e astrais para a realização da magia da Umbanda, sob o axé e a graça dos Orixás.

Cabe ainda ressaltar a importância do sopro. Em um mito temos que Nanã deu o barro para Obatalá moldar os humanos, este protegido e assistido por Exu moldou e deu forma ao homem e a mulher, mas quem deu a vida, o espírito foi Olorum com o seu sopro. História muito semelhante encontraremos na Bíblia, no livro do Gênesis, em que do barro Deus fez o homem e com o sopro lhe deu a vida. Os alquimistas e muitos cientistas dos séculos passados acreditavam que o sopro era a fonte de vida. Chamava o sopro a essência vital, sem ele não haveria vida. Os pajés em suas curas sempre fazem uso do sopro. As mães e pais quando um filho se afoga, se machuca logo vão assoprar suas crianças para lhe ajudarem. O que queremos dizer é que é pelo sopro que passamos nossa energia vital, nossa vontade, nossas energias curadoras. Com este ato, aliado ao álcool que criará as condições materiais e etéricas para a cura, aliado aos elementais, as energias da natureza, ao ectoplasma dos médiuns e a energia astral dos Guias e dos Orixás é que a Umbanda faz seu trabalho.

Enfim, o álcool é um dos fundamentos da Umbanda e é muito utilizado na magia e nas mirongas, saber o porquê de seu uso, e combater o preconceito quanto a ele, somente engrandece nossa força, e traz respeito aos fundamentos e a maneira de fazer caridade da Umbanda.

Saravá a todos!

P.S. O uso do álcool é feito de forma ponderada, equilibrada e dentro de inúmeros sistemas de controle em uma religião, o seu uso fora deste sistema, não é recomendado, e deve ser evitado

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um perigo que ronda todos os médiuns


Sempre que falamos de mediunidade, como estamos fazendo em nosso site, falamos dos tipos de mediunidade e de como ela se processa. Tratamos de sua definição e de suas particularidades dentro de nossa querida Umbanda. Entretanto é preciso fazer um alerta para a reflexão de todos os médiuns!

Sempre ressalto e tento demonstrar que ser médium não é possuir um dom, ser especial, ser melhor que ninguém. Ser médium é possuir uma faculdade e ao mesmo tempo uma missão, e como toda missão, ela vem acompanhada de muita responsabilidade.

No entanto não podemos confundir essa nossa missão com um mediunismo missionário, ou seja, que somos enviados diretos dos Orixás, escolhidos. Estes tipos de médiuns são, obviamente, raros e a simples presença dessas pessoas nos inspira, nos emociona e nos transforma. Médiuns missionários são aqueles que estão moralmente muito mais equilibrados do que nós, possuem um amor verdadeiro e nato, possuem a verdadeira sabedoria.

Desta forma como entender a nós? Somos médiuns de expiação, médiuns que tiveram a graça de receber a faculdade da mediunidade para expurgar os karmas, uma oportunidade para acelerarmos nossos resgates, uma forma a mais para que possamos nos deparar com espíritos amigos ou com antigos desafetos e, juntos, buscarmos um caminho de luz e de paz. Somos assim pessoas normais, com um mesmo fim: a busca da verdadeira felicidade.

Assim por sermos espíritos endividados, por não sermos criaturas “aladas”, especiais, devemos cuidar muito de nosso desenvolvimento moral. Pois só com muito suor e força de vontade que um dia nos tornaremos médiuns missionários, e assim seremos médiuns melhores, e com certeza mais capazes de fazermos valer a vontade dos Orixás.

Por sermos assim tão normais, é que muitos médiuns se perdem no caminho, começam a vender suas faculdades, percebem que podem manipular as energias, conseguem magnetizar pessoas e objetos e essa sensação de poder faz com que o orgulho cubra os olhos da carne e da alma.

Não são poucas as histórias de médiuns envaidecidos e que acreditam ser um super-homens, e assim estarem acima do bem e do mal e por isso poderem fazer uso de suas faculdades da forma que melhor lhe convierem. Não são poucas as histórias de umbandistas, de pais e mães-de-santo, e outros médiuns de outras religiões, que acabaram perdidos. Tudo porque não conseguiram ter a humildade necessária para a tarefa mediúnica e, assim, caíram no caminho do orgulho.

Diante disto, nossa tarefa emergencial, urgente mesmo, é zelarmos para que possamos controlar e lutar incessantemente contra o nosso orgulho. Uma tarefa difícil, mas possível. E para isso poderemos contar com nossos queridos guias espirituais, basta realmente encararmos nosso orgulho e pedirmos para que ele seja derrotado pela verdadeira e nobre humildade.

O médium orgulhoso acredita que pode mais e melhor que o seu irmão de gira. Acredita sempre que tem razão, que os outros médiuns têm muito o que aprender com ele. Os ensinamentos dos outros sempre estão equivocados, pois não é o mesmo do que o dele, assim como ele é sempre o certo não consegue mais absorver ou reciclar seus conhecimentos. Por isso o médium nesta fase escuta muito pouco, e sempre quer falar muito. Escutar não é necessário, pois ele já sabe. Não permite que a entidade lhe fale, e lhe mostre como fazer, pois sua mente embriagada do orgulho acha que já conhece o caminho. Quando não lhe é dado toda a atenção se zanga, e tem certeza que se trata de uma perseguição, ou então deve ser ciúmes de suas qualidades.

É típico desses médiuns aprenderem receitas, lerem e decorarem pontos riscados, banhos e “ebós para todos os fins” e passam a “receitar” estas simpatias em todo o lugar que andam. Este é um caso mais avançado do orgulho que extrapola as correntes de uma gira.

Diante deste quadro o médium vai se afastando de seus guias, deixando de escutar os verdadeiros emissários dos Orixás, e permite que espíritos menos evoluídos deixem se passar por mensageiros. A mistificação será uma questão de tempo.

Não conheço ninguém que não deva cuidar de sua mente para que não seja corrompido pelo orgulho. Esse mal assombra a todos, mas quem conseguir vencê-lo dará passos decisivos rumo a sua iluminação. Por isso peço que os Orixás enviem seus emissários e mensageiros para nos proteger e iluminar quanto a este mal que nós mesmos criamos e cultivamos que se chama orgulho.

Em especial que os Pretos-Velhos possam nos mostrar com seu exemplo, suas energias e sua sempre simples e profunda conversa, o caminho para a humildade. Saravá ao Pai Tobias de Guiné, que eu possa me espelhar em sua luz, no seu amor e na sua forma de encarar a vida e seus problemas, e logicamente eu possa minimamente absorver a sua humildade tão sincera. Babaê os Pretos-velhos! Babaê o Pai Tobias Guiné.

P.S. Se você leu este texto e o tempo todo pensou em outra pessoa que não você mesma, lei de novo, pois com certeza este texto serve para você. Julgar os outros acreditar que este ou aquele é um médium orgulhoso, é uma clara demonstração do orgulho, pois acha que é capaz de julgar o seu semelhante. Este também é um alerta, cuida de julgar os seus atos, e para os atos dos outros a única coisa que você pode fazer é rezar para que os Orixás os iluminem, e que você agindo de forma humilde seja um exemplo em seu meio.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A busca de nossas raízes


Sempre o homem busca desvendar o futuro. Procura adivinhos, videntes, sortistas, tarólogos e profetas. Quer antecipar os acontecimentos, saber se suas escolhas darão certo, e se fizer isto ou aquilo conseguirá realizar seus sonhos. Entretanto desde o início o ser humano também busca incessantemente suas origens, a origem do mundo, do universo e da alma.

Na tentativa de explicar esses questionamentos muitos povos criaram lendas e mitos para tentar desvendar, ou ao menos apontar certa luz sobre estes questionamentos. Não só a religião o fez assim, mas também muitas correntes filosóficas e muitas teorias de física debruçam anos e vidas de estudo para estas questões.

Toda a religião deve de uma forma ou de outra tratar desta problemática. Assim encontraremos no livro sagrado da Gênesis (Bíblia) alguns apontamentos sobre a questão. Encontraremos no Alcorão, em diversos sutras, em diversas histórias indígenas ameríndias, na mitologia celta, yorubá, bantu, e assim por diante. E a Umbanda como trabalha estas questões?

Para respondermos esta pergunta devemos buscar as origens de nossa religião, buscarmos as raízes que dão a esta árvore frondosa sua sustentação. Inegavelmente teremos que estudar e compreender os mitos africanos, os mitos indígenas e os mitos judaico-cristãos. Além de passarmos a beber da fonte das religiões orientais para tal tarefa.

E perceberemos que muitas histórias e explicações se parecem, tangenciam uma mesma verdade. Desta forma passaremos junto com a explicação e a exposição da mitologia dos Orixás, a trazermos um pouco da explicação da origem de nossas vidas na acepção da Umbanda, estudando e abordando outras religiões.

Esta tarefa não só irá nos trazer luz sobre estes inquietantes questionamentos, mas inevitavelmente irá consolidar nossas raízes trazendo uma razão a nossa fé, trazendo a nossa fé a luz do conhecimento e da sabedoria milenar.

Desta forma iniciamos mais um tópico em capítulos: “a busca de nossas raízes”.

Que os Orixás nos iluminem nesta tarefa. Muito axé e luz a todos. Sarava!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Mitologia dos Orixás - Exu e Oxalá


Como já falamos a mitologia nos ajudará a entender, por meio de mitos e lendas, o que cada Orixá faz, seu papel, etc.
Assim, antigamente se contava uma história (ou estória!) para revelar alguns atributos de Exu e ao mesmo tempo de Oxalá.

"Exu, sempre curioso e querendo saber de tudo, foi ver o que Oxalá (no conto original recebe o nome de Obatalá) estava fazendo em sua casa. Pela janela Exu observou que Oxalá moldava um barro, com formas e detalhes diferentes. Percebeu que Oxalá estava cumprindo a missão que Olorum (Deus) tinha lhe dado: criar o homem e a mulher. Maravilhado diante da perfeição e do carinho, Exu ficou a observar dia e noite aquele trabalho. Passou 16 anos observando o trabalho de Oxalá. E percebeu que sempre Oxalá era interrompido com presentes que outros seres lhe traziam. Oxalá chamou Exu e lhe pediu que ficasse na encruzilhada e que de lá não passasse ninguém, que ele, Exu, receberia os presentes e depois os entregaria a Oxalá. E assim foi Exu para sua tarefa. Na encruzilhada chega o primeiro e logo é advertido que somente ele, Exu, poderia passar dali, e ele levaria os presentes e os pedidos para Oxalá. No final de cada dia levava os presentes para Oxalá. Oxalá que viu a competência de Exu, o sossego para que seu trabalho rendesse, determinou: a partir daquele dia ninguém poderia fazer oferenda a ele, Oxalá, sem antes entregar para Exu. Assim Exu ficou sendo o rei da encruzilhada, e o mensageiro dos Orixás."

Desta lenda podemos verificar como os nossos ancestrais passavam de uma geração a outra a natureza de Exu. Ou seja, para se chegar até os Orixás precisamos de um mensageiro, alguém que possa levar nossos pedidos para os Orixás, e esse alguém seria Exu. Mostra também como ele é o senhor da encruzilhada. Mostra como Oxalá é o senhor da raça humana, por isso é o senhor da fé e da razão. Mostra como Exu é o guardião; 16 anos passaram-se e Exu não arredou o pé da porta de Oxalá, isto para que ele pudesse criar os seres humanos com as bençãos de Olorum, com proteção. E como em nossos ritos devemos saudar antes Exu, não pelo medo, mas sim por gratidão.

Desvendar estas histórias e lendas nos faz admirar cada vez mais nossos ancestrais africanos, sua sabedoria e sua explicação milenar para nossos cultos atuais e revelar mistérios que hoje nos rondam.

Saravá a todos os Pretos-velhos, nossos mestres e queridos ancestrais. Babaê os Pretos-velhos.

Saravá Exu. Laroiê Exu, Exu é Mojubá!
Saravá Oxalá. Epa Babá Oxalá!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Poder das ervas - II - as ervas dos Orixás


Dando continuidade a este tema tão importante para a Umbanda vamos falar sobre as ervas e os Orixás.

Para a Umbanda o mundo, a natureza e assim as ervas são criações divinas e assim dos Orixás. Assim como encontraremos em nossas casas filhos e filhas de Oxossi, de Yansã, etc., as plantas também são de domínio de um ou de mais de um Orixá.

Quero dizer com isto que cada uma das ervas pertence a um Orixá. Guiné, samambaia, capim limão são de Oxossi. Isto quer dizer que as ervas além das inúmeras propriedades químicas, biológicas e astrais/espirituais, terá o poder de trazer energias e forças de um Orixá ou de mais de um.

No tópico Orixás deste nosso site há uma relação das ervas de cada Orixá. Algumas ervas trazem dois ou mais Orixás. Por exemplo, o Salgueiro Chorão pertence a Oxossi e a Ogum, a Sálvia a Oxalá e a Ogum, a samambaia nativa pertence a Oxossi e a Oxum e o Alecrim a Oxalá e a Oxossi.

Outras ervas apesar de serem de determinado Orixá podem servir para banhos de imantação e descarrego de filhos de outros Orixás. Por exemplo a alfazema é de Oxalá, mas serve para os filhos de Oxalá, de Oxum, de Yemanjá e de Yansã.

Mas você poderá me perguntar para que eu preciso saber se determinada erva é de um ou de outro Orixá? Ou então para que eu preciso saber se uma erva de um Orixá pode ser usada para outros fins?

A resposta é simples: muitas vezes nos deparamos com a necessidade de trazermos para perto de nós a força de um determinado Orixá, ou então estamos carentes de uma determinada energia, ou ainda em um local, em uma casa, se faz necessário a presença mais marcante de uma energia. Para isto é importante saber qual erva é de qual Orixá.

Além disto em nossa casa os médiuns após terem feito sua primeira iniciação, o amaci, eles devem tomar seus banhos de descarrego e imantação com as ervas de seus Orixás. Isto pois acreditamos que este banho fará o re-equilíbrio das energias desse médium ao passo que traz energias puras dos Orixás por meio das ervas, fazendo com que os corpos astrais possam ser abençoados com as energias criadoras dos Orixás.

Ainda com relação à importância deste tópico, em muitas consultas, em muitas ocasiões, saber quais são as ervas facilitará o trabalho dos nossos guias. Por isso, o primeiro passo é saber quais são as ervas de cada Orixá, e um pouco de suas propriedades.

No próximo texto sobre o assunto vamos falar sobre as ervas de uso geral, ou seja, que servem como coringa, que servem para quase todas as pessoas, a arruda, o alecrim e a guiné.

Saravá as ervas, a elas os nossos respeitos e a nossa gratidão aos Orixás pela dádiva de entrarmos em contato com suas energias por estas ervas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A mitologia dos Orixás: uma introdução


Muitas vezes quando entramos em sites de Umbanda ou de outras religiões que possuam uma matriz africana nos deparamos com histórias dos Orixás como se fossem espíritos encarnados em algum tempo em nossa Terra. A mitologia nos mostra de forma simples algo profundo e complexo. Assim para que possamos começar a trazer e interpretar estas histórias, tão belas, se faz necessário esta introdução.


Primeiro temos que entender o que significa o termo mitologia. Mitologia é o estudo dos mitos, ou seja estudo da cultura e das lendas de determinada nação/região/população. É, assim, o estudo das histórias populares ou religiosas de uma cultura. Normalmente é uma narrativa em que se usa uma linguagem simbólica, buscando retratar a origem da vida, das crenças, de Deus, dos Orixás, dos espíritos, daquela cultura ou daquele povo bem como de seus costumes. Geralmente é um artifício, um instrumento usado por todas as culturas para ensinar assuntos complexos e difíceis. Estes mitos acabam por tentar retratar o mundo antes da vida humana.


Assim podemos dizer que a história de Adão e Eva, Caim e Abel, as parábolas de Jesus Cristo fazem parte da Mitologia Judaico-Cristã. Histórias de Júpiter, Marte, Mercúrio fazem parte da Mitologia Romana. História de Vênus, de Zeus, de Posseidon, são da Mitologia Grega. Shiva, Brahman, entre outros são da Mitologia Hindu. Tupã, Nande Jarí, Pa’i Kuara, Jasy, são da Mitologia Guarani (Guarani Kaiova). Oxalá, Oxossi, Xangô entre outros da Mitologia Yorubá. NZambi, Pombo Ngira, entre outros da Mitologia Bantu.


Enfim muitas são as histórias muitas são as ulturas que aparentemente tão distantes e diferentes contam, com nomes diversos, mesmas verdades. São a prova de nossa ligação, de nossa irmandade e de como muitas destas histórias retratam a nossa origem e o mundo astral, espiritual.


Diante disto passaremos a trazer algumas destas histórias, da mitologia Yorubá especialmente, e tentaremos interpretá-las, algumas outras vezes compará-las. Assim se você conhece alguma história, algum conto da mitologia Yorubá ou de outras mitologias e quer ver publicada em nosso site, e como interpretamos essas histórias, envie-as para nós.


Para finalizar esta nossa conversa de hoje quero tentar dividir em tópicos a Mitologia para que possamos estudá-las melhor. Algumas contarão e traduzirão as características dos filhos dos Orixás, ou seja os arquétipos dos Orixás. Outras tratarão sobre os “poderes” dos Orixás, suas forças, seus elementos de magia e domínio. Ainda outras trarão a origem da vida, dos espíritos, da morte, do universo. Tentaremos trazer algumas histórias para cada uma dessas três divisões.


Um grande abraço, que a Luz dos Orixás possa estar com cada um de nós, e que com a permissão de nossos ancestrais possamos desvendar cada vez mais os mistérios da Umbanda. Muito axé, saravá a todos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Mediunidade na Umbanda - Parte 3 de 4


Depois de entendermos que a mediunidade se manifesta e pode ser perceptível de várias maneiras, e entendermos que os médiuns são intermediários, tradutores das mensagens de outros planos astrais, passamos a estudar os tipos de médiuns.

Os médiuns podem ser classificados em conscientes, inconscientes e semi-conscientes.

Os médiuns conscientes são aqueles que percebem de forma plena tudo enquanto estão em exercício da mediunidade. Assim vão se lembrar do que viram, ouviram, escreveram, etc.. Mesmo durante a incorporação estarão com o pleno domínio de suas faculdades materiais, podendo interferir a qualquer momento na manifestação mediúnica. De uma forma geral todos os médiuns de Umbanda começam suas incorporações de forma consciente. Alguns com o passar do tempo passam a ser semi-conscientes.

Os médiuns semi-conscientes são aqueles em que apesar de lembrarem de suas manifestações, perdem em muito a noção de tempo, não têm 100% do domínio de sua fala e corpo. Mas isto não quer dizer descontrole, apenas que os movimentos são feitos e as falas professadas e a escrita realizada de forma simultânea, como se assistissem seu movimentos.

Os médiuns inconscientes são aqueles que durante as atividades mediúnicas perdem completamente a consciência, como se dormissem um sono profundo. Não há qualquer vestígio de memória no período da manifestação. Este tipo de médium é muito raro e está fadado a extinção, pois o importante é que o médium durante seu trabalho possa também receber os ensinamentos. Além da garantia que se tem contra as mistificações.

Na psicografia e na pintura/escultura mediúnica poderá ainda existir outra forma de médiuns que são os médiuns mecânicos, que apesar de manterem sua consciência estarão escrevendo ou pintando sem sequer ter noção do que estão fazendo. É como se os braços ou pés se movimentem sem a vontade mental do médium.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mediunidade na Umbanda – Parte 2 de 4


Seguindo nossa abordagem sobre este tema tão interessante, é preciso darmos ao menos uma pincelada sobre os tipos de mediunidade.

A mediunidade poderá se manifestar de inúmeras formas, ou seja poderemos perceber e entender a atividade mediúnica das seguintes maneiras:

a) A intuição, a mais primária e primordial manifestação da mediunidade. A intuição é quando captamos de uma outra inteligência de uma outra mente que não a nossa alguma informação ou aviso. É aquela voz que se forma no fundo de nossas mentes, uma idéia relâmpago, que do nada surge, mas que sabidamente parece que nos foi assoprada.

Um exemplo da intuição se deu comigo: em uma ocasião eu e minha esposa, na época minha namorada, estávamos parados no sinal vermelho em uma ladeira. Um pouco antes do sinal abrir veio uma vontade de deixar o carro descer de ré a ladeira, e assim o fiz. Parei, e como se algo me dissesse demorei alguns segundos para arrancar o carro quando o sinal abriu. Mas foi o suficiente para evitar um grave acidente. Um veículo grande furou o sinal em alta velocidade. Se eu não tivesse deixado o carro descer, ou mesmo se arrancasse imediatamente ao ver o sinal verde, muitas coisas estariam diferentes hoje. Saber ouvir e interpretar estes pequenos avisos é um dos grandes desafios de todos nós. Quem não tem uma história parecida que antes de fazer alguma coisa não escutou um aviso e não deu bola e algo aconteceu?

b) Outra forma da mediunidade é a própria percepção sensorial, a sensibilidade. Ou seja, é a capacidade de sentirmos a presença de outros espíritos, de sentirmos as energias, e que tipo de energias estão naquela localidade naquele momento. É aquela situação em que entramos em uma casa e apesar de tudo estar bonito, organizado, algo nos oprime, nos angustia, pesa em nossos ombros e cabeças. Ou então quando adentramos em local que apesar de estranho, e desajeitado sentimos uma paz, um conforto, uma força positiva nos inundando. Ou então quando vamos ao mar e sentimos sua força, adentramos nas matas, ou adentramos num açougue, numa festa mais radical. Quem percebe estas diferenças possui uma sensibilidade mediúnica.

c) A vidência. Vidência é a capacidade de enxergar, de visualizar os espíritos, seres ou objetos de outros planos. É aquela forma de mediunidade que muitos temem, se apavoram e pedem para não ter com medo de encontrarem em suas camas e quartos outros espíritos. A vidência é assim a capacidade de visualizar o outro plano. Digo visualizar porque a vidência poderá ser mental (formação das imagens, dos espíritos, etc. na mente, não precisando a pessoa estar de olhos abertos) ou então poderá ser expressa pelos olhos físicos, ou seja a pessoa vê, enxerga o outro planos como enxergamos este texto no computador ou no papel.

d) A clarividência, é assim uma especificidade da vidência, que pode ser entendida como a capacidade de enxergar situações que acontecerão no futuro.

e) A psicografia, ou a mediunidade da escrita é outra forma. São aqueles momentos em que os médiuns por meio de caneta, lápis e papel e hoje alguns por meio do próprio teclado do computador, conseguem dar vazão a idéias e pensamentos, conseguem descrever situações, orações e acontecimentos ditados por outros seres.

f) A psicofonia, ou a mediunidade da fala. Ou seja, a mediunidade que se expressa por meio das cordas vocais. O médium descreverá, ou passará os pensamentos dos espíritos por meio de sua fala.

g) A mediunidade de materialização ou de efeitos físicos, ou seja a capacidade de dar forma visível e palpável a objetos, energias e espíritos de outros planos, ou mesmo a capacidade de desmaterializar, ou seja de fazer com que determinado pedaço de matéria deixe de existir. É a mediunidade usada nas curas físicas, ou nas aparições coletivas.

h) Ainda existirá a mediunidade das pinturas, composição de músicas, escrita direta, entre outras formas que não são tão usuais na Umbanda.

i) E é claro a mediunidade de incorporação, que não é o mesmo que psicofonia, pois é a capacidade de se permitir que um espírito use seu corpo (movimentos) e sua fala de uma só vez. A mediunidade de incorporação é a mais usual e facilmente identificada em um terreiro de Umbanda.

Percebam que eu me dirijo a formas de mediunidade e não de médiuns. Não se pode dizer que existam médiuns videntes, médiuns de incorporação, e assim por diante. Médium é médium, poderá sim ter mais facilidade para praticar e exercer uma determinada mediunidade, mas em algumas situações ou em alguns momentos da vida poderá ver surgir outras formas de mediunidade. Pois como ser médium é ser um intermediário, a forma como isto se dará não é o mais importante, e poderá ser alterada durante uma jornada na Terra.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Criamos a nossa própria realidade!


Nos tempos antigos, era um costume Zen que um monge peregrino recebesse alojamento por uma noite em um templo Zen Budista, se ele conseguisse debater com um dos monges residentes ou discípulos daquele templo. Um dia, um monge peregrino chegou a um templo solicitando comida e alojamento por uma noite. Como era de costume, o monge superior escolheu um dos discípulos para o debate com ele. Acontece que este discípulo em particular só tinha um olho e recebeu ordem do superior que debatesse em silêncio.

Quando o monge peregrino foi mandado debater em silêncio, este concordou. Logo depois, ele agradeceu ao superior e disse que não passaria a noite porque tinha sido derrotado no debate em minúcias. O monge superior pediu para que lhe explicasse o debate. O peregrino disse que começou por segurar um dedo, significando Buda como “O Iluminado”. O discípulo respondeu segurando dois dedos, o que para o monge peregrino, significava dois conceitos: um, o Buda, e dois, seus ensinamentos. O monge peregrino segurou três dedos significando Buda, seus ensinamentos e seus seguidores. Finalmente, o discípulo sacudiu o pulso no ar significando “Tudo é Um”. Assim o monge peregrino aceitou haver perdido o debate e deixou a sala para agradecer ao monge e partir a noite.

Algum tempo depois, o discípulo foi falar com o monge superior ainda furioso a respeito do debate. O discípulo estava zangado com o monge peregrino, dizendo que este havia debochado dele durante o debate. O superior então pediu para o discípulo fazer o relato do debate. Segundo ele, o debate começou com o monge peregrino segurando um dedo, o que o discípulo tomou como um insulto já que este só tinha um olho. O discípulo respondeu segurando dois dedos dizendo ao monge peregrino que ele (o peregrino) tinha sorte de ter dois olhos. Então levantou três dedos. O discípulo interpretou os três dedos como significando que juntos possuíam três olhos. O discípulo disse ter ficado furioso por haver sido insultado e então levantou o punho e o chacoalhou no ar, raivosamente. O discípulo disse então que o monge peregrino ficou assustado e deixou a sala.

Como se pode notar, esta estória é um exemplo interessante de como uma mesma situação, pode ser vista e interpretada de maneiras diferentes. De que maneira estaremos olhando os desafios colocados em nossas vidas?

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mediunidade na Umbanda – Parte 1 de 4


Uma das maravilhas, uma das “coisas” que mais fascinam e ao mesmo tempo assustam as pessoas em um templo de Umbanda são as incorporações. É o fenômeno mediúnico, a cessão do corpo e da mente de um médium a outra inteligência, a outro espírito.

Mas antes de falarmos propriamente da mediunidade nos terreiros, a mediunidade da Umbanda é preciso conceituar a mediunidade, ou tentar fazê-lo. Nome criado pelo codificador do espiritismo ao trabalhar com o termo meio, intermediário. Ou seja, o médium é o intermediário, aquele que percebe, que capta, que sente a presença das energias, dos espíritos desencarnados, ou melhor, de espíritos, de seres e de energias de outros planos astrais.

Como se pode observar a mediunidade apesar de assim determinada por Kardec no final do século XIX é fenômeno muito mais antigo, sendo provavelmente tão antigo quanto a existência da vida em nosso planeta. Os profetas do antigo testamento, Jesus Cristo, Moisés, Buda, Confúcio, e tantos outros personagens de nossa história com certeza são exemplos de médiuns.

Isto nos traz uma indagação: existe alguém que de uma forma ou de outra não tenha alguma interação, ou que não sofra nenhuma influência de outros planos, dos espíritos, para não ser considerado médium?

Certamente que a resposta será negativa. De uma forma ou de outra sempre seremos influenciados, e sentiremos a presença de outras energias e espíritos, por isso que se fala que todos os seres humanos são médiuns.

Mas, você poderá perguntar: “se todos somos médiuns, todos poderemos trabalhar com a nossa mediunidade? Receber espíritos? Nos comunicarmos com eles de forma direta e inteligível?”

E é neste ponto que precisamos fazer uma diferença. Existirão aqueles em que suas mediunidades serão afloradas de uma tal forma que, seja por meio da incorporação, da visão, da escrita, da intuição, etc., ele ou ela poderão traduzir a vontade, as palavras, a força, as necessidades dos seres de outros planos astrais, e assim dos desencarnados (espíritos que já estiveram encarnados) de uma forma inteligível, e outros não conseguirão assim proceder. Assim digo que os médiuns que por uma das diversas formas de mediunidade possam expressar o pensamento de outros seres de outros planos são os médiuns de trabalho.

Isto não quer dizer em hipótese nenhuma que esses médiuns de trabalho possuem um dom, uma dádiva. Pois a mediunidade não é um presente, uma benesse divina para alguns escolhidos. É sim uma faculdade que Deus por meio dos Orixás dá a alguns indivíduos para que por meio desta faculdade possam resgatar suas dívidas, ao mesmo tempo em que levam a vontade e a força dos Orixás, que permitem que espíritos menos evoluídos possam receber ajuda e energias divinas.

Ou seja, ser médium não faz de ninguém um ser melhor, não é o mais especial, ou o mais abençoado, é um espírito igual a todos, e como todos, deve buscar um caminho para abdicar de suas vaidades, orgulhos e de seu egoísmo. É um ser que dentre inúmeras ferramentas que os Orixás nos dão, recebe a ferramenta chamada mediunidade.

Mas, ao mesmo tempo em que não é um dom, com certeza é uma responsabilidade, pois deverá fazer bom uso de sua faculdade. Se a mediunidade é um instrumento, uma ferramenta cabe a nós, médiuns, utilizá-la com muita fé, amor e responsabilidade.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Oração para entrarmos no Terreiro


Recebi de uma querida amiga e filha de nossa casa a seguinte oração, que transcrevo com muito gosto, e passerei a fazê-la antes de entrar no nosso Terreiro, pela sua simplicidade, beleza e verdade:

Deus, meu Senhor, em teu nome e em nome

de todos os Orixás, guias e protetores

venho lhe rogar

que ao ingressar nesse solo sagrado

eu deixe lá fora a vaidade,

o orgulho, a desesperança

a maledicência e a critica infundada

Que o abraço fraterno coroe o nosso trabalho

e a nossa irmandade

Que a luz ilumine o nosso coração

no sentido da caridade pura, da fé e da razão

Permita SENHOR que assim seja!



Saravá Olorum! Saravá Zambi! saravá todos os terreiros de Umbanda!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

100 anos da UMBANDA - I


Neste ano de 2008 a Umbanda estará celebrando, ou melhor, nós estaremos celebrando os 100 anos de nossa religião. O dia 15 de novembro de 1908, ficou marcado como o dia oficial da oficialização da Umbanda.
Nestes 100 anos quantos terreiros, tendas, cabanas, centros foram abertos? E quantos outros não foram fechados, ou largados? Quantas pessoas já passaram pela Umbanda, já se curaram, já se emocionaram, já se decepcionaram? Quantos pais e mães-de-santo não forma feitos, não desisitram, não criaram novos rituais?
Nestes 100 anos quantas formas de umbanda, não?!
Por isso que celebrar os 100 anos da Umbanda é celebrar a diversidade, a pluralidade desta religião brasileira, desta religião afro-indígena-brasileira. Mas para celebrarmos a diversidade precisamos celebrar a paz e a tolerância, e assim o amor. 100 anos de Umbanda, 100 anos de luta contra a discriminação, contra com racismo e a perseguição fanática de algumas seitas e religiões.
Assim celebrar estes 100 anos é dar exemplo de tolerência e harmonia religiosa, é compreender e praticar a idéia de que religião é um caminho, um meio de se chegar ao Pai, e não um fim.
Quando falamos em diversidade e na pluralidade da Umbanda, podemos destacar sua singularidade, ou seja, como ela é única, como cada casa é bela em seu modo de praticar e desenvolver o amor.
Mas para que esta celebração seja realmente digna, precisamos encontrar a unidade entre nós! E como é difícil convergir, viver e aceitar o diferente! Mas aceitar o diferente, e buscar a união pressupõe algo que nos una. E este algo não pode ser uma palavra, mesmo que esta palavra seja Umbanda.
É preciso que possamos estabelecer um mínimo de critérios, de princípios, um pacto mínimo de doutrina Umbandista para que esta união seja verdadeira, e para que possamos celebrar a paz. Assim é forçoso que estejamos todos de acordo com o bem, com o amor como a lei universal e maior para a nossa felicidade, ou seja a Umbanda, sob qualquer pretexto praticará o mal, ou se compactuará com o mal, e isto inclui os exus e as pombagiras.
Isto significa que as práticas mágicas de amarração, derrubar ou curvar "inimigos", subir no trabalho em cima de outros, só para citar alguns exemplos NÃO são práticas da Umbanda, aliás a Umbanda nasceu e continua viva justamente para combater este tipo de magia.
A crença em um Deus único com nome de Olorum, Zambi ou Deus, é outro princípio; assim como:
- a crença nas reencarnações e na lei kármica (lei de ação e reação);
- a crença na sobrevivência do espírito após a morte carnal e a possibilidade da interação entre os espíritos encarnados e desencarnados por meio da mediunidade;
- a crença nas forças da natureza como vibrações dos Orixás, criações de Deus que estão integradas a todos os seres, assim como a crença na existência dos espíritos elementares;
- a crença nos Orixás como emanações do próprio Deus;
- o uso do ritual como elemento disciplinador e canalizador dos médiuns;
- a aceitação da diversidade e da pluralidade de formas com o mesmo objetivo de amar a todos indistintamente;
- a não cobrança pelos atendimentos prestados nos terreiros e tendas (dai de graça o que de graça recebestes);
- e a vedação da utilização de animais como elementos de magia, seja pelo seu sacrifício, seja pelo uso do sangue ou de sua carne;

Alguns destes princípios serão facilmente aceitos, e incorporados, outros irão de encontro a práticas culturalmente impostas em algumas regiões como a imolação (sacrifício de animais), mas é preciso que enfrentemos estes temas, para que realmente possamos nos unir, nos respeitar e demonstrar para a sociedade o que é a UMBANDA!
Saravá a todos!
parabéns a nossa querida Umbanda!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Umbanda uma religião brasileira!


Em muitos livros, artigos, sites, etc., lemos que a Umbanda é uma religião genuinamente brasileira, alguns chegam a afirmar que é a única religião nascida no Brasil.
Primeiro devo confessar que não considero a Umbanda a única religião genuinamente brasileira, pois outras religiões nasceram em solo pátrio e aqui se desenvolveram com base em nossos costumes, crenças e cultura. Assim podemos afirmar que também são brasileiras: o Catimbó, o Santo Daime, algumas igrejas neopentecostais, e eu chego a afirmar que os Candomblés são brasileiros (não obstante terem uma raiz africana muito profunda). Isso não diminui a Umbanda, e sim demonstra que muitos são os caminhos que nos levarão à perfeição, e que os Orixás e assim Olorum (Deus) trabalharão para que cada indivíduo consiga achar o seu caminho para esta libertação.
Mas, independente de ser a única ou não, a Umbanda é brasileira, pois nasceu no Brasil, carrega em seu interior a essência dos brasileiros; a união dos povos (etnias), o respeito e a interação com a natureza, a miscigenação, o sincretismo de diversas crenças e religiões formando uma nova. A união do elemento africano, indígena, oriental e europeu traz para a Umbanda a história da formação do povo brasileiro.
Muitas vezes nos esquecemos desta união, deste sincretismo e queremos valorizar um em detrimento dos demais. Será que a Umbanda seria a nossa Umbandsa se retirássemos dela o elemento indígena? A força da pajelança?
Será que a Umbanda seria a mesma sem os conhecimentos mediúnicos e do mundo dos espíritos revelado por Allan Kardec?
Será que a Umbanda seria a mesma sem a presença do cristianismo, sem a figura iluminada e veneranda de Jesus Cristo? Será que nós umbandistas conheceríamos um caminho de amor ao próximo sem Jesus para nos ensinar?
E o que seria da Umbanda sem os Orixás? Sem Ogum? Sem Yemanjá? Sem Exu? Sem a força, o entendimento da vida e da morte dos africanos? Sem Omolu?
Essas perguntas só ilustram como a Umbanda é plena pela união dessas culturas e religiões. Vamos valorizar cada uma de nossas raízes, buscar conhecê-las cada vez mais.
Por isso catalogar a Umbanda como uma religião afro-brasileira está corretíssimo, e nós temos que entender isto, aceitar e mais do que tudo gostar disto. Eu não abro mão da minha raiz negra!
Buscando nas palavras do poeta Vinícius de Moraes uma inspiração:
"Eu sou o branco mais negro do Brasil, um branco de alma de negro!"
Por tudo isto não podemos aceitar que adormeça em nosos pensamentos idéias ou concepções de racismo, discriminação ou preconceito. Pois caso isto ocorra estamos contradizendo a nossa própria fé!
Saravá os africanos, os indígenas, os brancos, os orientais, salve todos os povos, salve a nossa Umbanda!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Frases que nos fazem refletir - 2


"Semeie um pensamento, colha uma ação;
semeie uma ação, colha um hábito;
semeie um hábito, colha um caráter;
semeie um caráter, colha um destino"
(Provérbio chinês)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O tempo dos encarnados



Neste século XXI nos deparamos sempre com frases que falam e reclamam da falta de tempo. Ou então de como o tempo tem passado rápido. Nos parece que as atividades do dia-a-dia vão nos consumindo de tal forma que quando vemos já estamos cansados e com vontade de dormir, afinal já passam das 23:00!

Com o incremento de inúmeros meios de distração e de comunicação de massas, primeiro o rádio, depois a televisão e agora a internet a velocidade em que nos contactamos e sabemos das coisas é assustadora. Assim, muitos saem bem cedo vão trabalhar, e quando voltam fazem algumas tarefas domésticas, tudo correndo, e opa, ta na hora da minha novela, ou então do meu futebol!

E pronto encerrou-se mais um dia. Não são poucas as canções que retratam esta falta de tempo, de como devemos aproveitar o tempo, ou como não podemos deixar o tempo passar.

Parece que muitos de nós vivem o ano todo a espera das sonhadas férias. Porque só então vão descansar, fazer coisas que gostam, consertar isto e aquilo. Mas será que não podemos ter todo dia um pouquinho de tempo para tirar estas férias?

Neste mundo tão atropelado e confuso muitos ainda encontram tempo para dedicarem-se a tarefas espirituais. Estas pessoas escolhe um dia, uma casa, uma determinada hora e pronto, este dia é para minha gira, a partir da hora tal eu estarei integralmente voltada para os espíritos.

Este ato, que muitas vezes encontra inúmeros obstáculos para ser cumprido, é a prova, a certeza de que é possível priorizarmos momentos em nossas vidas. Pois se deixássemos para as giras a mesma liberdade que outros compromissos, como reflexão, leitura, oração, etc., o resultado seria: “não tenho tempo! Puxa vida, foi tão corrido que não deu para ir.”

A encarnação é uma dádiva, um momento ímpar para que todos possamos passar por inúmeras situações, conflitos, dores, sofrimentos, encontros, reencontros para o nosso aprimoramento espiritual. Ou seja, para nosso aprimoramento espiritual! Quanto tempo nós dedicamos ao objetivo verdadeiro e único das encarnações?

Isto não quer dizer que devemos parar de trabalhar, estudar, etc.. Pois, o aprimoramento espiritual acontecerá em todos os momentos, basta termos olhos para isto e tempo para pensarmos nisto. Diante de tantas coisas que nos distraem, iludem, não podemos esquecer do tempo dos encarnados, pois este é o único tempo finito, limitado, de nossa existência, pois o espírito é eterno, a criação é eterna. Vamos aproveitar o nosso tempo e deixarmos uma semente de Luz, Amor e Paz.

Sarava, que eu possa ler e reler este texto para aprender e entender o tempo!!

Um abraço a todos!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Mediunidade e o leito do rio


Muitos dos médiuns ficam o tempo todo perguntando-se como fazer para serem melhores médiuns, e assim terem mais qualidade em suas comunicações com seus guias.
Muitas são as perguntas que me fazem a esse respeito.
Então tem um jeito?

Se observarmos alguns terreiros veremos a inscrição perto da figura de Jesus Cristo "Médium Supremo". O que esta inscrição nos revela?

Se Jesus é o médium supremo podemos entender que quanto mais moralmente aprimorados, melhores médiuns seremos.
Continuando neste viés pensemos:

- se os guias são seres que já alcançaram certo grau de elevação espiritual, e assim de iluminação, e os Orixás são a própria emanação de Deus (Olorum);
- se para termos uma qualidade mediúnica nas comunicações devemos nos aproximar ao máximo de nossos guias;

A conclusão é só uma: devemos elevar nossos pensamentos e cada vez mais abrirmos mãos de nossas paixões mundanas, e aperfeiçoarmos em noss espírito o amor a todos os seres.
E esta é a forma mais segura e verdadeira para melhorar a qualidade nas práticas mediúnicas!

O Pai Tobias de Guiné sempre diz em suas consultas quando o assunto é mediunidade:

- "a mediunidade é um leito, como o de um rio, quanto mais limpo você dexar este leito, mais água limpa poderá descer por ele, se você não deixar este leito limpo, mesmo que venha água cristalina, no final ela estará suja e contaminada. Por isso, sempre zele pelo seu leito, pela sua mediunidade, para que dela sempre possa escoar água limpa e cristalina."

Ou seja, manter nossa mente sempre voltada para o bem, para o amor e a caridade, é manter noso leito sempre limpo e pronto parea escoar água cristalina, que é a energia de nossos guias e de nossos amados Orixás.

Esta responsabilidade é nossa, por isso vamos fazer com vontade e dedicação!

Saravá!

domingo, 15 de junho de 2008

Frases que nos fazem refletir - 2


"A verdadeira certeza é aquela que nasce de uma dúvida"

Pai Tobias de Guiné

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Livros sobre entidades!


- "Esses dias li um livro sobre a entidade XXXXXXX (preferi não mencioar o nome), e vi que ela já foi barão, se apaixonou, não percebeu que estava morto...". me dizia um amigo.
Alguns livros à venda prometem a história de algumas entidades, o que eram, o que foram, e o que são. Independente do valor de suas informações, pois alguns desses livros trazem muitos ensinametos, paira a dúvida: TODOS OS ESPÍRITOS QUE ADOTAM DETERMINADO NOME TIVERAM A MESMA REENCARNAÇÃO? FORAM A MESMA PESSOA E TÊM A MESMA HISTÓRIA?
A resposta fica óbvia: impossível muitos espíritos terem sido a mesma pessoa. Então a entidade XXXXXXXX é um único espírito? Como já falamos em outras conversas a resposta é não.

Ou seja, a entidade XXXXXXXX é um símbolo, um nome que revela ou revelará um mistério, uma missão a qual diversos espíritos se unem e abrem mão de suas individualidades, para serem apenas aquela missão, aquele mistério.
Assim a história contada nestes livros pode até ser pertinente para aquele espírito que conduz e que assiste o médium, mas não será a história da entidade XXXXXXX.
É difícil entender, compreender isto. Mas este é um dos pontos que devemos refletir e saber. Pois se acreditamos que as entidades que nos auxiliam, que são os emissários dos Orixás já estiveram encarnados há algum tempo, e que inúmeros são os espíritos que compõem estas falagens, inúmeras serão as histórias, não é verdade?
Por isso, não devemos levar ao pé da letra, não devemos considerar os nomes do passado, mas observarmos se o conteúdo, as entrelinhas não traduzem um pouco do porquê daquela entidade e assim de sua missão, de sua jornada. Nem todos os livros irão revelar isto, mas como sempre digo devemos ler tudo e o fazê-lo com olhos críticos.
O que me leva a postar hoje sobre este tema é para não viciarmos nossas mentes com estas histórias. Pois alguns médiuns poderão ler a históra da entidade que recebem em um Terreiro e achar que a história dela é aquela, ou vão começar a se perguntar por que a minha entidade que tem o mesmo nome não viveu isto?
Todas estas histórias devem servir para nos inspirar, para nos mostrar que independente de nossos erros, vícios, com muito suor e força de vontade poderemos nos iluminar. Estas histórias devem trazer para nós a certeza de que basta querermos mudar, e nos iluminar que conseguiremos. Pois de resto, saber se a entidade XXXXXX foi rei, papa, pastor ou bispo não ajudará na nossa incorporação. Agora saber que um espírito caiu e se recuperou, isto sim nos ajudará a entender a misericórdia divina e a força dos Orixás nos levando e conduzindo sempre para nossa missão maior e assim para nossa iluminação.

Boa leitura a todos!

Saravá!!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A força da oração


Entre as inúmeras forças da natureza, entre as inúmeras energias que nos rodeiam, vamos destacar hoje a da oração.
Recentemente falamos sobre a força da mente e assim do pensamento, de como todos os médiuns devem manter sua mente em vigilância pois ela é a porta de tudo (A nossa mente: a porta de tudo ).
Assim nunca podemos desprezar ou nos esquecer da força das nossas orações. Jesus quando esteve encarnado deu uma sentença que todos nós não poderemos deixar de lado: "Orai e Vigiai".
Pois a oração faz com que nossos pensamentos se elevem, e assim nossa vibração esteja leve e positiva, contactando todos nós aos guias e protetores que são emissários da luz e assim dos Orixás.
Só por esta razão a oração seria um instrumento de enorme valor. Mas além disto a oração possui outros grandes atributos.
Quando estamos em oração, ou rezando, e assim começamos a nos conectar com as energias divinas, em geral estamos solicitando pedindo alguma coisa, para nós ou para outras pessoas.
Quando pedimos para nós, além do pedido propriamente dito, estamos criando condições favoráveis no astral para que aquilo aconteça, desde que tenhamos fé. Isto pois criamos uma visualização do pedido. assim quando nos encontramos doentes ao pedirmos saúde, a cura, visualizamos nosso corpo novamente saudável, enviamos energias nossas para o local afetado no sentido de eliminar os agentes que estão produzindo/causando a doença. Isto aliado ao fato de estarmos elevando nosso padrão vibratório que imediatamente já cria condições favoráveis a sairmos da debilidade mental e física.
Já quando fazemos nossas orações para outras pessoas estamos enviando energias positivas, formas-pensamento e grande quantidade de ectoplasma para o destino, ou seja a pessoa pela qual estamos rezando. Assim as energias enviadas, aliadas as formas-pensamento (formas pensamento são imagens, objetos, etc. plasmados no astral pela força da mente dos espíritos) e ao ectoplasma, se juntarão com as energias da natureza e aos espíritos de luz, enviados pelos Orixás, produzirão uma força espiritual (astral) que auxiliará na recuperação da pessoa. Ou seja, estaremos movimentando energias e matéria astral para que uma pessoa, ou diversas pessoas recebam a intercessão divina (dos Orixás, guias e protetores) e estaremos colaborando com nossos pensamentos, com nossas energias e com nosso ectoplasma.
Além do já exposto a oração poderá ser um grande instrumento para nos livrar de pensamentos deletérios contra outras pessoas. Melhor dizendo: quando estamos em conflito com alguém, estamos de certa forma com aversão, repulsa, raiva, magoados com determinada pessoa ou pessoas a oração será um grande antídoto. Se começarmos a rezar para todos aqueles que por alguma razão não gostamos aos poucos iremos tirar os obstáculos, as raivas e os sentimentos ruins que temos por ela e isso nos ensinará a amar a todos indistintamente.
Ao invés de alimentarmos pensamentos de raiva e aversão, e substituirmos estes sentimentos em uma oração dirigida para que Deus e os guias e protetores retirem de nós este sentimento e que iluminem a pessoa para que ela seja realmente feliz, quebraremos o ciclo de energias deletérias e a substituiremos por energias construtivas e cristãs, e assim pensamentos de umbandistas.
Portanto devemos orar ou rezar todos os dias, várias vezes ao dia, pois assim manteremos nossos pensamentos voltados sempre para a construção de um mundo melhor, pela elevação de nossas vibrações, e estaremos emitindo energias de amor e luz o tempo todo.

Muita luz e paz a todos, que os Orixás os abençoem.
Saravá!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O Povo do Oriente


Entre as entidades que nos prestam seu auxílio, que trazem as forças dos Orixás, temos o povo do Oriente.
Para nós estes são espíritos especializados na cura do aparelho físico.
São espíritos que em suas vidas encarnadas e mesmo em sua vida espiritual se especializaram em buscar curar e promover a saúde física dos encarnados.
Mas não são obrigatoriamente médicos, enfermeiros, e suas curas não são baseadas nos conhecimentos de nossa cultura. Isto porque serão espíritos de povos indígenas, africanos, indianos, e assim por diante. Isto significa que serão espíritos que adotarão diversas formas da arte de curar. Benzimentos, garrafadas, passes magnéticos, retirada miasmas, etc.
Assim serão espírtos de curandeiros, pajés, xamãs, pretos ou pretas-velhas, etc. Todos com a obrigação de nos trazer a cura!

Saravá o Povo do Oriente!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Os responsáveis pelas energias da natureza na Umbanda – Saravá as Crianças!



Como todos sabem a Umbanda possui uma relação íntima e de dependência com a natureza. As energias dos sítios da natureza, ou chamados sítios dos Orixás, que são os espaços naturais onde há uma maior emanação energética dos Orixás, são a fonte da vida e de praticamente todo o axé da Umbanda.

São do mar, das cachoeiras, dos rios, das florestas, etc. que os filhos da Umbanda, que os guias vão buscar os elementos e compô-los com os demais elementos presentes no ambiente de um terreiro bem como os do ponto riscado, para atender aos pedidos dos consulentes, tratar uma obsessão, uma doença, etc.

Desta forma é mais do que lógico que todos devemos tratar a natureza como fonte “material” de Deus e assim ter estes sítios como sagrados (como de fato o são). Mas o ponto que quero trabalhar e discutir hoje é como vamos buscar essas energias, como as entidades benditas vão trazer esses elementos da natureza e manipulá-los em um terreiro, em um trabalho de Umbanda.

As energias da natureza, emanações dos Orixás, são próprias energias elementares. Como em toda a criação existirão seres, espíritos, que cuidarão e manipularão das energias Divinas; as energias elementares não fogem a esta regra.

Esses seres são os chamados espíritos elementais, ou seres elementares. A eles é dada a tarefa de manipular, cuidar, direcionar as energias elementares, as energias da natureza e assim as energias dos Orixás. São seres puros e que se encontram aos milhares em cada espaço da natureza.

Para acioná-los, para que esta energia venha até os terreiros e, assim os próprios espíritos elementares venham nos socorrer, as falanges de trabalho fazem como uma solicitação a uma das formas de apresentação da Umbanda, as crianças. Somente as crianças é que detém o caminho e o segredo de trazer e direcionar as energias e os espíritos elementais. A razão é clara, como as crianças da Umbanda são espíritos de muita luz, puros e simples podem acionar os espíritos elementais que também são puros.

Entretanto alguém poderá questionar: mas os outros espíritos não são de luz? Não podem acionar diretamente os elementais?

A resposta é não. Cada forma de apresentação, ou seja, pretos-velhos, caboclos e crianças, assim o são por uma razão e uma especialidade de trabalho. A especialidade, a razão de existir das crianças é justamente esta, acionar os espíritos elementais. E o fazem pela sua simplicidade, pela sua pureza, pela sua natureza enquanto espíritos.

Quando falamos em crianças da Umbanda muitos pensam que estes espíritos morreram quando ainda eram crianças. Todavia isto não é verdade, pois mesmo que tivessem desencarnado em sua última jornada quando ainda eram crianças, não podemos esquecer que esses espíritos já encarnaram outras vezes. A simbologia de serem crianças, e assim chegarem aos terreiros é pela simplicidade e pureza de toda a criança. Não é a toa que Jesus Cristo em diversos momentos se dirige as criancinhas e afirma que só entrará no Reino dos Céus aquele que se assemelhar a uma criança. (Mateus, capítulo 18, 1 a 5).

Isto nos quer dizer que pelo fato de se apresentarem como crianças, não quer dizer que não sejam espíritos de muito conhecimento, sabedoria, ou mesmo que seja crianças.

A inocência e a pureza que nos trazem as crianças são a razão e o motivo por que estes espíritos assim se apresentem. E esta é a razão pela qual as crianças da Umbanda acionam e conduzem os espíritos elementais e as energias elementares.

Inclusive esta é uma segurança, pois só poderemos acionar as energias da natureza na Umbanda pelas crianças e assim as energias nunca poderão ser utilizadas para outra coisa senão para o bem, para o amor e a caridade. O uso incorreto, ou para o mal, se faz de outra forma, com outros acionadores, e assim não faz parte da Umbanda, e isto é a prova cabal, final para o que sempre afirmamos na Umbanda só existe o amor e a caridade.

Para finalizar pode ser que ainda reste uma dúvida: os Exus e as Pombagiras quando necessitam dessas energias da natureza o fazem pelas crianças? SIM. Assim como todos os demais guias da Umbanda. Um baiano, um preto-velho, um caboclo, um boiadeiro, e assim por diante estarão sempre em contato com as crianças da Umbanda, pois sempre estaremos necessitando e manipulando de forma responsável as energias elementais da natureza.

Aliás, esta é a razão, muitas vezes velada, do porque que todos os terreiros no início de suas giras garantam a saudação e cantos para as crianças. Pois, em todos os momentos da gira necessitarão das energias que as crianças buscam e conduzem.

Saravá as crianças da Umbanda! Erê!