sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um perigo que ronda todos os médiuns


Sempre que falamos de mediunidade, como estamos fazendo em nosso site, falamos dos tipos de mediunidade e de como ela se processa. Tratamos de sua definição e de suas particularidades dentro de nossa querida Umbanda. Entretanto é preciso fazer um alerta para a reflexão de todos os médiuns!

Sempre ressalto e tento demonstrar que ser médium não é possuir um dom, ser especial, ser melhor que ninguém. Ser médium é possuir uma faculdade e ao mesmo tempo uma missão, e como toda missão, ela vem acompanhada de muita responsabilidade.

No entanto não podemos confundir essa nossa missão com um mediunismo missionário, ou seja, que somos enviados diretos dos Orixás, escolhidos. Estes tipos de médiuns são, obviamente, raros e a simples presença dessas pessoas nos inspira, nos emociona e nos transforma. Médiuns missionários são aqueles que estão moralmente muito mais equilibrados do que nós, possuem um amor verdadeiro e nato, possuem a verdadeira sabedoria.

Desta forma como entender a nós? Somos médiuns de expiação, médiuns que tiveram a graça de receber a faculdade da mediunidade para expurgar os karmas, uma oportunidade para acelerarmos nossos resgates, uma forma a mais para que possamos nos deparar com espíritos amigos ou com antigos desafetos e, juntos, buscarmos um caminho de luz e de paz. Somos assim pessoas normais, com um mesmo fim: a busca da verdadeira felicidade.

Assim por sermos espíritos endividados, por não sermos criaturas “aladas”, especiais, devemos cuidar muito de nosso desenvolvimento moral. Pois só com muito suor e força de vontade que um dia nos tornaremos médiuns missionários, e assim seremos médiuns melhores, e com certeza mais capazes de fazermos valer a vontade dos Orixás.

Por sermos assim tão normais, é que muitos médiuns se perdem no caminho, começam a vender suas faculdades, percebem que podem manipular as energias, conseguem magnetizar pessoas e objetos e essa sensação de poder faz com que o orgulho cubra os olhos da carne e da alma.

Não são poucas as histórias de médiuns envaidecidos e que acreditam ser um super-homens, e assim estarem acima do bem e do mal e por isso poderem fazer uso de suas faculdades da forma que melhor lhe convierem. Não são poucas as histórias de umbandistas, de pais e mães-de-santo, e outros médiuns de outras religiões, que acabaram perdidos. Tudo porque não conseguiram ter a humildade necessária para a tarefa mediúnica e, assim, caíram no caminho do orgulho.

Diante disto, nossa tarefa emergencial, urgente mesmo, é zelarmos para que possamos controlar e lutar incessantemente contra o nosso orgulho. Uma tarefa difícil, mas possível. E para isso poderemos contar com nossos queridos guias espirituais, basta realmente encararmos nosso orgulho e pedirmos para que ele seja derrotado pela verdadeira e nobre humildade.

O médium orgulhoso acredita que pode mais e melhor que o seu irmão de gira. Acredita sempre que tem razão, que os outros médiuns têm muito o que aprender com ele. Os ensinamentos dos outros sempre estão equivocados, pois não é o mesmo do que o dele, assim como ele é sempre o certo não consegue mais absorver ou reciclar seus conhecimentos. Por isso o médium nesta fase escuta muito pouco, e sempre quer falar muito. Escutar não é necessário, pois ele já sabe. Não permite que a entidade lhe fale, e lhe mostre como fazer, pois sua mente embriagada do orgulho acha que já conhece o caminho. Quando não lhe é dado toda a atenção se zanga, e tem certeza que se trata de uma perseguição, ou então deve ser ciúmes de suas qualidades.

É típico desses médiuns aprenderem receitas, lerem e decorarem pontos riscados, banhos e “ebós para todos os fins” e passam a “receitar” estas simpatias em todo o lugar que andam. Este é um caso mais avançado do orgulho que extrapola as correntes de uma gira.

Diante deste quadro o médium vai se afastando de seus guias, deixando de escutar os verdadeiros emissários dos Orixás, e permite que espíritos menos evoluídos deixem se passar por mensageiros. A mistificação será uma questão de tempo.

Não conheço ninguém que não deva cuidar de sua mente para que não seja corrompido pelo orgulho. Esse mal assombra a todos, mas quem conseguir vencê-lo dará passos decisivos rumo a sua iluminação. Por isso peço que os Orixás enviem seus emissários e mensageiros para nos proteger e iluminar quanto a este mal que nós mesmos criamos e cultivamos que se chama orgulho.

Em especial que os Pretos-Velhos possam nos mostrar com seu exemplo, suas energias e sua sempre simples e profunda conversa, o caminho para a humildade. Saravá ao Pai Tobias de Guiné, que eu possa me espelhar em sua luz, no seu amor e na sua forma de encarar a vida e seus problemas, e logicamente eu possa minimamente absorver a sua humildade tão sincera. Babaê os Pretos-velhos! Babaê o Pai Tobias Guiné.

P.S. Se você leu este texto e o tempo todo pensou em outra pessoa que não você mesma, lei de novo, pois com certeza este texto serve para você. Julgar os outros acreditar que este ou aquele é um médium orgulhoso, é uma clara demonstração do orgulho, pois acha que é capaz de julgar o seu semelhante. Este também é um alerta, cuida de julgar os seus atos, e para os atos dos outros a única coisa que você pode fazer é rezar para que os Orixás os iluminem, e que você agindo de forma humilde seja um exemplo em seu meio.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A busca de nossas raízes


Sempre o homem busca desvendar o futuro. Procura adivinhos, videntes, sortistas, tarólogos e profetas. Quer antecipar os acontecimentos, saber se suas escolhas darão certo, e se fizer isto ou aquilo conseguirá realizar seus sonhos. Entretanto desde o início o ser humano também busca incessantemente suas origens, a origem do mundo, do universo e da alma.

Na tentativa de explicar esses questionamentos muitos povos criaram lendas e mitos para tentar desvendar, ou ao menos apontar certa luz sobre estes questionamentos. Não só a religião o fez assim, mas também muitas correntes filosóficas e muitas teorias de física debruçam anos e vidas de estudo para estas questões.

Toda a religião deve de uma forma ou de outra tratar desta problemática. Assim encontraremos no livro sagrado da Gênesis (Bíblia) alguns apontamentos sobre a questão. Encontraremos no Alcorão, em diversos sutras, em diversas histórias indígenas ameríndias, na mitologia celta, yorubá, bantu, e assim por diante. E a Umbanda como trabalha estas questões?

Para respondermos esta pergunta devemos buscar as origens de nossa religião, buscarmos as raízes que dão a esta árvore frondosa sua sustentação. Inegavelmente teremos que estudar e compreender os mitos africanos, os mitos indígenas e os mitos judaico-cristãos. Além de passarmos a beber da fonte das religiões orientais para tal tarefa.

E perceberemos que muitas histórias e explicações se parecem, tangenciam uma mesma verdade. Desta forma passaremos junto com a explicação e a exposição da mitologia dos Orixás, a trazermos um pouco da explicação da origem de nossas vidas na acepção da Umbanda, estudando e abordando outras religiões.

Esta tarefa não só irá nos trazer luz sobre estes inquietantes questionamentos, mas inevitavelmente irá consolidar nossas raízes trazendo uma razão a nossa fé, trazendo a nossa fé a luz do conhecimento e da sabedoria milenar.

Desta forma iniciamos mais um tópico em capítulos: “a busca de nossas raízes”.

Que os Orixás nos iluminem nesta tarefa. Muito axé e luz a todos. Sarava!