quinta-feira, 8 de abril de 2010

Falando sobre cultura - Música 3ª parte - os primeiros sambistas


Seguindo nossos textos culturais, Umbanda também é cultura, trago hoje um pouco dos compositores do início do século passado, os fundadores, os criadores do nosso bom e velho samba.

Estes compositores homenagearam os Orixás, as giras, as entidades, e seus sacerdotes. Todos os citados neste texto são considerados os pais do samba.
O samba, que é um gênero musical nascido no Brasil, é também o nome que damos a música em nossos terreiros, ou seja o samba de terreiro. Em algumas casas, inclusive, o responsável pela música é chamado de samba, de Ogã de Samba, ou capitão de samba.

A maioria das músicas não foram remasterizadas, mas podem ser encontradas em alguns sites. Entre estas porém, encontramos algumas que já foram dezenas de vezes regravadas, como é o caso de Feitiço da Vila. Uma cantora que gravou estes compositores foi Clementina de Jesus (têm um CD dela cantando as músicas de João da Baiana).

Interessante nestas músicas é saber que muitos desses compositores freqüentavam as casas das Tias do Rio de Janeiro. Estas casas eram locais onde a gastronomia, a religião e a música estavam sempre conectadas com a África. João da Baiana e Donga, por exemplo, eram filhos ou parentes destas senhoras que foram grandes mulheres e que resistiram a força policial, e a repressão do Estado.

Na época destas composições a polícia literalmente considerava qualquer batuque arruaça, entrava, quebrava os instrumentos e prendia os sambistas.

João da Baiana conta que um dia conheceu um senador e falou para ele que estava cansado de perder seus instrumentos. Então o senador deu a ele um pandeiro. Toda vez que a polícia baixava, João dizia "este pandeiro é do senador quer quebrar??" E então sempre tinha seu pandeiro intacto. Parece que algumas coisas não mudam com o tempo, não é verdade?

Existe um samba chamado Delegado Chico Palha, cantado por diversos sambistas da atualidade que retrata a figura de um policial na época destas composições, e podem dar a noção do que se passva com o samba, a Umbanda e o Candomblé no início do século passado.

“Mas, apesar do preconceito, o sucesso era perfeito, quando o Samba ia para a cidade.” (diz um samba cantado por Zeca Pagodinho). Graças a estas casas das Tias, a estes sambistas, e tantos homens e mulheres que bravamente resisiram a tudo isto que temos hoje a nossa Umbanda e o nosso Samba.

Façam um bom proveito, pois estas modas de samba são muito inspiradoras.

Saravá a curimba, a Ngoma (engoma), saravá o samba de terreiro.

Aque os Orixás possam abençoar estes sambistas de outrora que deixaram um legado a todos nós.

Nome da música – (compositores)
  • Já andei (Pixinguina, Donga e João da Baiana)
  • A Bahia te espera (Herivelto Martins, Chianca de Garcia)
  • Canjiquinha Quente (Sinhô _ José Barbosa da Silva)
  • Carga de Burro (Sinhô)
  • Eu tenho um burro (Sinhô)
  • Feitiço Gorado (Sinhô)
  • Alodê (Príncipe Pretinho cantado por Ataulfo Alves)
  • Cosme e Damião (Heitor dos Prazeres)
  • Iemanjá (Heitor dos Prazeres)
  • Amalá de Xangô (João da Baiana)
  • Babalaô (João da Baiana)
  • Banho de Ervas (João da Baiana)
  • Cosme e Damião (João da Baiana)
  • Lamento de Inhaçã (João da Baiana)
  • Lamento de Oxum (João da Baiana)
  • Lamento de Xangô (João da Baiana)
  • Macumba de Mangueira (Almirante)
  • Caboclo do Mato (João da Baiana e Getúlio Marinho)
  • Homenagem a Oxalá (João da Baiana)
  • Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico)

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