Seguindo nossos textos culturais, Umbanda também é cultura, trago hoje um pouco dos compositores do início do século passado, os fundadores, os criadores do nosso bom e velho samba.
Estes compositores homenagearam os Orixás, as giras, as entidades, e seus sacerdotes. Todos os citados neste texto são considerados os pais do samba.
O samba, que é um gênero musical nascido no Brasil, é também o nome que damos a música em nossos terreiros, ou seja o samba de terreiro. Em algumas casas, inclusive, o responsável pela música é chamado de samba, de Ogã de Samba, ou capitão de samba.
A maioria das músicas não foram remasterizadas, mas podem ser encontradas em alguns sites. Entre estas porém, encontramos algumas que já foram dezenas de vezes regravadas, como é o caso de Feitiço da Vila. Uma cantora que gravou estes compositores foi Clementina de Jesus (têm um CD dela cantando as músicas de João da Baiana).
Interessante nestas músicas é saber que muitos desses compositores freqüentavam as casas das Tias do Rio de Janeiro. Estas casas eram locais onde a gastronomia, a religião e a música estavam sempre conectadas com a África. João da Baiana e Donga, por exemplo, eram filhos ou parentes destas senhoras que foram grandes mulheres e que resistiram a força policial, e a repressão do Estado.
Na época destas composições a polícia literalmente considerava qualquer batuque arruaça, entrava, quebrava os instrumentos e prendia os sambistas.
João da Baiana conta que um dia conheceu um senador e falou para ele que estava cansado de perder seus instrumentos. Então o senador deu a ele um pandeiro. Toda vez que a polícia baixava, João dizia "este pandeiro é do senador quer quebrar??" E então sempre tinha seu pandeiro intacto. Parece que algumas coisas não mudam com o tempo, não é verdade?
Existe um samba chamado Delegado Chico Palha, cantado por diversos sambistas da atualidade que retrata a figura de um policial na época destas composições, e podem dar a noção do que se passva com o samba, a Umbanda e o Candomblé no início do século passado.
“Mas, apesar do preconceito, o sucesso era perfeito, quando o Samba ia para a cidade.” (diz um samba cantado por Zeca Pagodinho). Graças a estas casas das Tias, a estes sambistas, e tantos homens e mulheres que bravamente resisiram a tudo isto que temos hoje a nossa Umbanda e o nosso Samba.
Façam um bom proveito, pois estas modas de samba são muito inspiradoras.
Saravá a curimba, a Ngoma (engoma), saravá o samba de terreiro.
Aque os Orixás possam abençoar estes sambistas de outrora que deixaram um legado a todos nós.
Nome da música – (compositores)
- Já andei (Pixinguina, Donga e João da Baiana)
- A Bahia te espera (Herivelto Martins, Chianca de Garcia)
- Canjiquinha Quente (Sinhô _ José Barbosa da Silva)
- Carga de Burro (Sinhô)
- Eu tenho um burro (Sinhô)
- Feitiço Gorado (Sinhô)
- Alodê (Príncipe Pretinho cantado por Ataulfo Alves)
- Cosme e Damião (Heitor dos Prazeres)
- Iemanjá (Heitor dos Prazeres)
- Amalá de Xangô (João da Baiana)
- Babalaô (João da Baiana)
- Banho de Ervas (João da Baiana)
- Cosme e Damião (João da Baiana)
- Lamento de Inhaçã (João da Baiana)
- Lamento de Oxum (João da Baiana)
- Lamento de Xangô (João da Baiana)
- Macumba de Mangueira (Almirante)
- Caboclo do Mato (João da Baiana e Getúlio Marinho)
- Homenagem a Oxalá (João da Baiana)
- Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico)
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