quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pecado, não! – Umbanda – uma fé que liberta


Muitos de nós tivemos uma educação que embutia em nossa mente, em nosso inconsciente, até, a culpa, a necessidade de punição, de auto-flagelo, de penitência, diante dos pecados. Ou seja, quando errarmos, cometermos equívocos, para o perdão divino devemos nos penitenciar, algumas vezes nos torturar, procurar infringir em nosso corpo e em nossa mente flagelos e dores.

Este pensamento faz com que muitas vezes ao invés de procurarmos corrigir nossas deficiências, acabamos por nos jogar mais para baixo, afinal somos pecadores e devemos sofrer para pagar os nosso pecados.

Na Umbanda isto não pode prosperar. “Não existe pecado no lado de baixo do equador”, já dizia Chico Buarque de Holanda. O pecado traz a nossa mente a penitência. E isto não é o que a Umbanda prega ou busca.

A Lei de ação e reação, ou lei kármica, pregada pela nossa Umbanda faz com que busquemos resolver nossos erros corrigindo-os e não nos punindo. O que isto quer dizer? Que diante da constatação de um erro, de um ato de agressão ao próximo, de um ato de agressão à natureza, de um ato de egoísmo, de vaidade, de orgulho, etc., não devemos nos culpar e nos penitenciar, pois isto só trará mais sofrimento.

Primeiro devemos agradecer por termos conseguido enxergar o erro, pois muitos passam despercebidos. Depois devemos analisar o erro e ver se podemos imediatamente corrigi-lo, pedir desculpas ao agredido, sanar as conseqüências. Quando isto é impossível, ou ainda não temos as condições emocionais e mentais para tanto, devemos pedir para que uma situação semelhante aconteça no futuro para conseguirmos vencê-la, e assim superar este desafio proposto pelo astral.

Mas, independente disto podemos imediatamente rezar, orar, refletir sobre o ocorrido, contemplar o erro para que com ele aprendamos. Compreender o que nos fez errar nos ajudará a não errar de novo, pois conheceremos este adversário melhor.

Dando continuidade a estes passos, devemos procurar agir de forma caridosa, com amor, promovendo ações, palavras e pensamentos positivos e altruístas, pois isto criará campo energético positivo em nossa volta ajudando a nossa compreensão e nos libertando das energias deletérias provocadas pelos acessos de raiva, ódio, orgulho, etc..

Em nenhum momento devemos nos aborrecer, nos culpar, nos jogar para baixo, ajoelhar no milho, ou adotar uma chibata para nos flagelar. Muito pelo contrário, devemos elevar ao máximo nosso pensamento, buscar a ajuda dos Orixás para nós e para todos os atingidos pelos nossos erros. E isso sem nenhuma culpa.

Se conseguirmos fazer isto de verdade, e formos nos libertando da culpa será um grande passo para deixarmos nossa vida mais leve e alegre. Se conseguirmos contemplar o erro e solucioná-lo, com certeza estaremos gerando muito karma positivo o que nos acenderá, em muito, na evolução de nossa alma, de nosso espírito.

Vamos quebrar os grilhões da culpa, vamos destruir a corrente da penitência, vamos libertar nosso espírito para que possamos construir um mundo cheio de Luz, Amor e Paz.

Saravá a todos!

PS. O Pai Tobias de Guiné sempre me diz que o maior cativeiro que existe é o cativeiro da alma. E o maior feitor de todos que ele conhece é a culpa. Por isso sempre me falou que substituir a culpa pela ação positiva, pelo amor é a maneira de sair do cativeiro da alma. Mas que o fato de não existir culpa, não deve ser confundido com não buscar o amor e a correção de nossos erros. Não ter culpa significa não lamentar pelo ocorrido, e sim agir pra que ele nunca mais acontece e desta forma apagar de vez o feitor de nosso espírito. Vamos renovar nossa mente, nossa alma, orar e vigiar, para que o amor seja a palavra de ordem de nossas vidas. Saravá o Pai Tobias de Guiné, Saravá a todos os Pretos e Pretas – Velhas da Umbanda. Babaê!

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