quarta-feira, 30 de abril de 2008

Fundamentos da Umbanda - I


Primeiro texto sobre fundamentos, quero aqui trazer alguns apontamentos sobre aquilo que é essencial, aquilo que é um requisito, que fundamenta, enfim, nossa amada religião.

Para começarmos quero falar sobre os PONTOS CANTADOS.


Veremos em diversos seitas e religiões os mantras e músicas. Acredito que pouquíssimas são as crenças que de alguma forma não haja a musicalidade. Assim veremos os mantras nas religiões e filosofias orientais, veremos as músicas sacras nas igrejas, a música gospel nas evangélicas, e mesmo no espiritismo veremos uma música suave de fundo para que exista uma maior introspecção.
Na Umbanda um dos fundamentos pilares e impossíveis de serem descartados são os pontos cantados. A famosa curimba que é composta pela voz, pelas palmas e pelo atabaque. É essa curimba que promoverá a unidade de pensamento no ambiente, levanto todos os presentes a elevarem seus pensamentos na mesma direção, funcionando como um elemento de concentração. Mas também é um elemento de evocação. É pela curimba que evocamos os reinos e os orixás, é pela curimba que propiciamos a vinda das entidades, já que estas nos elevarão o pensamento e a vibração.
A própria ressonância que os pontos cantados emitem em nosso crânio propiciam uma maior elevação e uma maior aproximação dos nossos guias. Combatem a dispersão mental e as fugas. Auxiliam os médiuns a entenderem o ritual e a criarem disciplina mental e de postura, além do que ativa os chacras facilitando as incorporações. Trazem energias que são fundamentais na magia, buscando energias purificadoras, ou reabilitadoras, e assim por diante. Serve como vibração que auxilia na composição das energia naturais, energias astrais e o ectoplasma na concretização da magia e do trabalho.

Enfim é a própria religião na ação do verbo.

Poderemos ver terreiros que não utilizam atabaques, que não aceitam palmas, mas todos, absolutamente todos não poderão prescindir dos pontos cantados.

Assim ninguém pode se furtar de praticar, de se dedicar e de cantar em todas as giras.

Uma vez o Sr. Caboclo Ogum Megê em um dos poucos momentos em que a nossa gira não estava cantando afirmou que os médiuns que cantam estão praticando a caridade, pois juntos estão criando a harmonia e aquele que não canta, faz ato egoísta, pois sobre diversos pretextos deixa de ajudar a elevar a vibração de todo o ambiente ao passo que não externa a força dos pontos cantados.

Assim da próxima vez que estivermos em uma gira, não vamos nos abster, não vamos omitir, vamos entender e participar muito ativamente deste fundamento da nossa UMBANDA.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Umbanda e a natureza


Todo Umbandista tem o dever de agir e de preservar a natureza, afinal é da nossa natureza que emanam as energias primordiais e elementais.
É da natureza que buscamos as energias para que os trabalhos de nossos Terreiros tenham axé, isto é, força, para a prática da caridade.
A energia dos seres elementais, as energias elementares que encontraremos nos mares, nas matas, nas cachoeiras, nas montanhas, nas ervas, etc. são a própria Umbanda em manifestação.
Assim em uma gira em que cantamos e evocamos estamos nos conectando, ou melhor nos reconectando à natureza.
Tudo que pudermos fazer para preservar e recuperar a natureza estaremos fazendo em prol de todos, da Umbanda e da vida. É a compreensão de que tudo e todos estão interligados, que uma vida, seja a mais simples até a pretenciosa vida humana, estão interconectadas.
Preservar, conservar, recuperar a natureza é a certeza de que estamos sendo umbandistas, de estarmos sendo conscientes de nosso mínimo papel enquanto seres deste planeta.
Vamos separar o lixo, vamos aprender a ter uma consciência no consumo, comprar e comer o que realmente precisamos, deixar de comer carne (seja de que tipo for) ou ao menos diminuir seu consumo, fazermos nossas entregas somente com materiais biodegradáveis, utilizar transporte público ou meios de transporte como a bicicleta, economizar água, luz, não comprar produtos embalados em isopor, não usar de copinhos descartáveis, ...
Enfim juntos podemos fazer a diferença.
Amar e respeitar a natureza, é entender sua força e compartilhar da criação divina e dos Orixás. Consciência ecológica já!!!! Umbandista é primordialmente um ecologista por sua própria natureza (desculpem-me o trocadilho).

Ciganos da Umbanda

A presença do povo cigano na Umbanda traz a alegria e a própria razão das reencarnações.

Por seu espírito livre, com muito conhecimento em magia, em culturas de diversas etnias, esse povo vem nos brindar com a sabedoria da vida.

Suas consultas nos mostram, nos ensinam como viver enquanto encarnados e dessa condição ter a sabedoria de entender e de bem aproveitar esse momento. Demonstram como a solidariedade, a vida em sociedade pode ser feita em paz. Assim podem nos ajudar em nossos relacionamentos e em como sabermos utilizar a matéria para o bem de todos, de forma racional e responsável.

Assim quando temos a oportunidade de estarmos diante dessas entidades vamos aproveitar para valorizar a vida, a nossa encarnação e percebermos quão valorosa e dadivosa é a vida encarnada. Os sofrimentos são frutos por nós colhidos, se soubermos plantar hoje, amanhã teremos frutos mais doces e saborosos para colher.
Saravá os ciganos, saravá as ciganas!!!

Saravá todos os caminhos abertos, salve a Lua, salve o Sol, salve as Estrelas, salve as campinas, salve a Vida!

Que os ciganos possam abençoar todos os nossos caminhos!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Segunda I


Depois de domingo vem Segunda-feira.
Se ontem falamos da família, hoje vamos falar do trabalho e da escola. Muitas vezes relegamos a um plano absolutamente material o nosso trabalho. Mas o local de trabalho é o espaço em que vamos exercitar as virtudes que tanto almejamos e que queremos incorporar. É onde nossos defeitos, nossos vícios tentarão crescer. Nem sempre é fácil manter a ética, a honestidade, e desejar a todos que nos circundam muita luz. E no trabalho isso é colocado à prova.
O mundo da concorrência, a busca frenética por gualgar postos de trabalho, de subir na carreira, tornam-se obsessões e que para conseguirmos vamos adotar tudo, todas as táticas, certo?
Pois o trabalho e as relações de trabalho existem justamente para nos colocar esta prova. Será que para sermos promovidos temos que trapacear, subir as custas da derrota de alguém? Será que na concorrência o meu objetivo será sempre aniquilar e destruir os demais?
Mais uma grande oportunidade sagrada para resgates kármicos, para exercitarmos nosso amor e compaixão. Mais um momento em que precisaremos do auxílios de nossos guias e da energia dos Sagrados Orixás para nos mantermos em linha.
Jesus afirmou "Orai e Vigiai" para que em nenhum momento nos desconectemos do mais alto, para que em nenhuma situação deixemos de servir aos Orixás e de desejar a todos Luz, Amor e Paz.
A todos um bom trabalho, e que mantenham a mente em vigílha e o coraçã em oração.
Muita força e luz

domingo, 27 de abril de 2008

Domingo I


Domingo em geral é dia de reunião familiar. É a macarronada, são os jogos, muitas conversas e as vezes as brigas! A família carnal, aquela composta pelos parentes, em geral são grandes oportunidades de resgate e de recuperação de laços espirituais anteriormente destruídos.
Assim pela força da união familiar espíritos que poderiam ser inimigos voltam ao mundo dos encarnados, abençoado pelos nossos Orixás, como pais e filhos, como irmãos. Não são poucos os casos em que isso ocorre, por isso sempre é uma tarefa muito penosa, mas ao mesmo tempo cheia de amor a educação dos filhos. Por isso quando falamos em praticar a caridade é na nossa família que devemos começar a enxergar um local muito propício para isso. Afinal é na família que encontraremos as grandes ocasiões para a prática da paciência, da tolerância, do perdão, é a renovação diária do amor.
Muitas vezes quando falamos em caridade, ou seja a ação do amor verdadeiro, pensamos em ações humanitárias, em ajudar alguém de longe, mas quase nunca pensamos que a tarefa mais emergencial, e as vezes mais dolorosa é agirmos assim em nosso seio familiar.
Desta forma no próximo domingo, ou nas próximas oportunidades que todos tiverem em estar com suas famílias pensem como vocês estarão tendo uma oportunidade e um teste para praticar e desenvolver o amor, a caridade!
Não cobre, não exija o amor deles para com você, simplesmente doe, doe com vontade e sem barganhas, verá que por mais difícil que tiver sido o dia, você deitará em sua cama e terá a grata satisfação de estar servindo a Lei maior e de estar sendo instrumento para os Orixás trazerem paz na vida de todos que nos rodeiam.
Um bom final de domingo, e que todos possamos refletir no por quê estamos em nossas famílias, e como esta é uma OPORTUNIDADE de servir e resgatar, para que nunca mais reclamemos de ninguém, pois estamos aqui e agora por fruto de nossas ações, e só cabe a nós deixarmos o ambiente lindo, e cheio de luz.
Que os Orixás, em especial nossa querida mamãe Yemanjá abençoe a família de todos nós.
Saravá, e até amanhã!!

sábado, 26 de abril de 2008

A nossa mente: a porta para tudo


Muitas vezes acabamos por deixar a um segundo plano a força da mente, a força dos pensamentos.
POr sermos espiritualistas e tratarmos diretamente com os espíritos nos esquecemos de que seja encarnado ou desencarnado o espírito se comunica, age e interage pela mente. assim controlar e entender a mente é fundamental para os médiuns da Umbanda.
Afinal é a mente que direcionará nossa vontade, é a mente que controlará nossos impulsos e instintos, que não deixará nossos desejos e nossas paixões tomarem conta de nosso ser.
A mente é a grande responsável pela magia, pois é a força mental que dará a direção exata das energias magnéticas, podemos dizer que a mente é, inclusive, a sede da fé. Por isso jamais poderemos esquecer que controlar nossos pensamentos, dominarmos e disciplinarmos nossas mentes é tarefa urgente e mais do que necessária para alcançarmos a iluminação e para sermos melhores médiuns.
Desta forma todos devemos pacificar nossa mente e assim criarmos uma cultura de paz e de amor em nossa mente e isso com certeza significará destilarmos amor e compaixão a todos os seres.

Que todos possamos refletir sobre a nossa mente e buscarmos maneiras de treinarmos essa disciplina mental. (futuramete vou anexar aqui treinos para isso)

Bom fim de semana, muito axé e que os Orixás possam dar a todos forças para essa jornada!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ogum


Falando em Orixás não posso me furtar em falar um pouco do Orixá Ogum.
Convencionou-se comemorar seu dia no mesmo dia que São Jorge, ou seja 23 de abril.
Portanto vamos falar um pouco do que o Orixá Ogum significa para a Umbanda e quais as características que seus filhos irão demonstrar (arquétipo).

Ogum é o Orixá responsável pelos espíritos e pelas energias que vão desmaterializar, desconstruir as demandas, as magias contra os filhos que a Ele recorrem. Por isso fala-se do Orixá Ogum como guerreiro. Senhor dos limites sempre está na frente abrindo a passagem para os demais Orixás. Razão esta que se explica nos rituais de Umbanda sua saudação em primeiro lugar (entre os orixás, já que a primeira saudação deve ser a de Exu). Ogum exerce um papel fundamental na Umbanda, junto com os Exus e Pombagiras fazem a guarda dos locais sagrados e dos médiuns de Umbanda. São eles que vão na frente para proteger e zelar pelas caravanas, pelo espíritos em missões de resgate e de trabalho. Teremos Ogum no limite do Mar e terra, do campo santo e do profano, na entrada da mata, na beira dos rios e cachoeiras, e assim por diante. Isso também explica a razão de Ogum estar relacionado às estradas, aos caminhos. Por isso o Orixá Ogum é tido como o ordenador, a Lei em execução. Sendo vencedor de demandas, sendo um Orixá próximo aos trabalhos de Exu, deve dominar e manipular a magia. Isso também dá a Ogum uma relação íntima com os elementais. Sendo tido como o responsável pela evolução dos espíritos elementares. Isso pode ser observado nos pontos cantados das crianças da Umbanda (os senhores, os responsáveis pela ação, pelo acionamento dos elementais, espíritos elementares). Por exemplo: “Cosme, Damião, Damião cadê Doum. Doum tá passeando no cavalo de Ogum”. Ou então, “Ele é pequenininho e mora no fundo do mar, sua madrinha é a sereia seu padrinho é Beira-Mar”. Simbolicamente Ogum quase sempre vem em seu cavalo branco, que é o símbolo das intenções puras, do defensor dos fracos, salvador da vida humana. Por exemplo o príncipe encantado monta o cavalo branco, o guerreiro herói e salvador do reino monta um cavalo branco, aquele que venceu o dragão monta um cavalo branco.

ARQUÉTIPO

Os filhos de Ogum são aqueles cuja sinceridade aparece desnudada. Não medem as conseqüências de seus atos, não toleram falsidade, e muito menos aceitam parecer aquilo que não são. Se não gostam de alguém não fazem questão de deixar isso claro. Facilmente irritáveis, tem crises e explosões de cólera e raiva. Explodem não medindo o tamanho da força empregada, independente do tamanho do mal a ele direcionado. Impulsivos, geralmente agem antes de pensar. Em geral depois de sentirem-se aliviados por terem extravasado seu poder arrependem-se pelo tamanho do estrago e das conseqüências de seus atos. Passam do momento de explosão à tranqüilidade de um espelho d’agua com facilidade, ou seja seu humor em geral é muito mutável. Raramente agem ou são explosivos de forma malévola e mal intencionada, acreditam estarem com a razão e sua cólera servirá como corretivo para a outra pessoa. Determinados ao extremo, vencem em situações em que qualquer outro falharia, sua coragem se renova justamente no momento em que todos os demais abandonam. Francos e sinceros, assim não “falam por trás”, não aceitam traição, dissimulação, bem como não são traidores ou pessoas dissimuladas. Não gostam de ser criticados. São pessoas que levam a vida de uma maneira prática, o mais prática possível. Por isso não são vaidosos, pois não gostam de perder tempo com isso, muitas vezes são despojados. Por isso dificilmente será visto um filho de Ogum com penteados que precisam de horas para ser preparado, roupas desconfortáveis, que levariam um bom tempo para serem vestidas ou despidas. Entretanto gostam de estar bonitos ou bonitas, bem vestidos. Em geral são pessoas que gostam da tecnologia, dos novos caminhos da ciência, de outras formas mais modernas de exercer suas profissões. Quando enfrentam um problema preferem a luta direta, franca, não são adeptos das sutilezas e da diplomacia para resolverem uma questão. Como chefes da casa gostam que tudo gire em torno deles, de suas ordens e de sua forma de entender organização no Lar. Assim na menor falta gostam de expressar como a pessoa está agindo errada.

SARAVÁ OGUM!!!

O que são os Orixás?

Para a Umbanda Orixás são a própria manifestação de Deus.
Na Umbanda temos um Deus único, chamado de Olorum, Zambi ou simplesmente Deus, o único incriado. Como sua natureza é algo para nós impossível de descrever, entendemos um pouco mais de sua essência por meio de seu "hálito": o que chamamos de Orixás. Orixás assim não são deuses, não são espíritos, e sim a própria qualidade divina manifestada. Desta forma temos como uma qualidade divina a justiça, a verdadeira justiça. o equilíbrio, para isso damos o nome de Xangô. O Orixá Xangô, desta forma, é a própria manifestação da justiça e do equilíbrio divino.
Isso não quer dizer que inúmeros espíritos e seres não irão trabalhar e direcionar essas energias irradiadas dos Orixás, nem que não haverá uma hierarquia entre esses espíritos e seres. O que quero dizer é que em cada Orixás e assim em sua Linha de atuação existirão entidades e seres que irão manipular e direcionar as energias irradiadas desses Orixás e assim do próprio Deus. No exemplo de Xangô teremos caboclos, pretos-velhos que irão direcionar essa irradiação divina para o equilíbrio e a justiça entre nós.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Doutrina

Algumas vezes por ano, e neste ano pelo menos uma vez ao mês, nosso terreiro em um dia diferente trabalha com um debate sobre doutrina. Dividido em módulos para que as pessoas não precisem escutar a mesma coisa dezenas de vezes ou para que alguém que ainda não saiba o que são os Orixás comece pela discussão do que são energias elementais ou seres elementares.
Assim hoje em nossa casa teremos a "Aula 2" que qtratará do que são os Orixás, quem são os Orixás, o que são as Sete Linhas de Umbanda; o que são as formas de apresentação (entidades), o porque de "escolherem" esta forma e as as entidades, formas de apresentação auxiliares como os baianos, ciganos, etc. Como surgiram e o que são?
Tentarei trazer aqui um pouco de cada uma dessas conversas.
Um abraço com muito Axé

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Primeiro de muitos

Este é a primeira postagem desse blog, que como vcs poderão ver, e eu espero que assim seja, uma das muitas postagens.
Aqui quero deixar minhas opiniões, as mensagens recebidas pelas entidades que trabalham no Terreiriro que dirijo, bem como um local onde vcs poderão questionar e juntos encaontrarmos respostas sobre religião, e em especial, sobre Umbanda.
Espero que os Orixás estejam conosco neste espaço de estudo e debate.
O nome do Blog - umbanda de paz
porque acredito que a nossa religião nos ensina muito a amar sem nada querer em troca, amar indistintamente, e assim jamais emitir ações, pensamentos ou palavras que sejam preconceituosas, racistas ou discriminatórias. Assim não importa a raça, a etnia, a religião, a condição social, o sexo ou a opção sexual, todos somos iguais e por isso todos somos um. Amar e ajudar uns aos outros é o único caminho para a nossa verdadeira felicidade e assim para que possamos viver em PAZ.

Muito obrigado!