segunda-feira, 27 de abril de 2009

União, tolerância e perseverança, um novo caminho para a Umbanda no Paraná



Quem me conhece há mais tempo sabe que sempre tive muitas preocupações quando o assunto eram as federações da Umbanda. Diferente de outras religiões a Umbanda prega que cada casa, cada templo, tenha sua autonomia e sua maneira própria de conduzir seus ritos e seus ensinamentos. E isto é o que torna a Umbanda tão singular: a sua pluralidade.


Mas, então por que muitos afirmam que este ou aquele templo não é Umbanda, quando se deparam diante de casa que pregam o mal, a exploração financeira e outras formas na condução de suas casas?


E as perseguições sociais, as falsas e equivocadas interpretações sobre a Umbanda, a propagação de rituais de baixa magia nos meios de comunicação que muitas vezes afirmam tratarem-se de Umbanda, entre outras situações que nos deparamos no dia-a-dia trazem para nós uma pergunta: como defendermos a Umbanda? Como demonstrarmos a sociedade que a Umbanda é uma religião, é uma religião que prega e pratica o amor e a caridade?


Refletindo sobre estas questões, e acima de tudo orientado pelo Caboclo Mata Virgem, tomei a decisão de fazer parte da refundação e revitalização da FUEP – Federação Umbandista do Estado do Paraná. Um grupo de terreiros, e de seus filhos, resolveu criar uma associação que defendesse a Umbanda, que divulgasse a Umbanda tal como ela foi criada: “A manifestação do espírito para a caridade”.


Nesta união de tendas, de dirigentes e de médiuns saiu uma nova associação, mas aproveitando uma antiga agremiação a FUEP. Desde 1968 este ente existe e em sua história já passou por momentos importantes na defesa dos interesses dos umbandistas do Estado do Paraná, e agora na sua refundação recebe novas atribuições, novos objetivos, e acima de tudo uma nova missão.
Prevê o artigo 3º do Estatuto da FUEP:



“ARTIGO 3º - A FUEP tem por finalidades:


I – Congregar e representar os Templos Religiosos Umbandistas (Associações, Cabanas, Centros, Tendas, Terreiros e demais denominações), seus médiuns e freqüentadores, associados nos termos do presente Estatuto, com os princípios Éticos, Filosóficos, Doutrinários e Religiosos, promovendo a mais estreita harmonia e fraternidade, e respeitando a diversidade das formas de culto, ressalvados os seguintes princípios gerais:

· Não realizar em hipótese alguma o sacrifício ritualístico de animais, nem utilizar quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos.

· Não cobrar pelas consultas, atendimentos e trabalhos, a Umbanda é caridade;· Respeitar o livre-arbítrio das criaturas;

· Não realizar qualquer ação que implique em malefício ou prejuízo a alguém;

· Preservar e respeitar a natureza do planeta;

II – Sugerir, promover, coordenar e executar ações, projetos e programas relacionados com o desenvolvimento social, cultural e educacional, e preservação do meio-ambiente, não só para os Umbandistas, mas para o conjunto da população brasileira;

III – Resgatar, reunir e preservar a documentação sobre a história da Umbanda, a vida e as obras de influentes Umbandistas do Estado do Paraná;

IV – Constituir centro de pesquisa, estudos, desenvolvimento e difusão da Umbanda;

V – Promover e organizar eventos comemorativos, exposições, festivais, mostras, cursos e concursos Umbandistas;

VI – Promover viagens de estudo, pesquisa e intercâmbio com outras entidades congêneres ou não;

VII – Apoiar e estimular a preservação de valores culturais, sociais, étnicos e religiosos representativos do povo brasileiro, por meio da criação, produção e execução de programas e a utilização de quaisquer veículos de divulgação, adequados à difusão dessas manifestações;

VIII – Desenvolver atividades de assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica, destinadas ao atendimento dos associados e das comunidades carentes, através de dotações orçamentárias ou doações específicas ou outras formas de financiamento;

IX – Criar centros educacionais de natureza assistencial, destinados à formação de crianças, jovens e adultos, em nível básico e profissionalizante;

X – Manter um Departamento Jurídico para a defesa dos interesses dos filiados, principalmente no tocante à obtenção e implantação de benefícios legais aos Templos Umbandistas, reconhecimento legal dos Pais e Mães-de-Santo no tocante à Evangelização, validação da contagem de tempo para aposentadoria e contra a discriminação de qualquer espécie sofrida por qualquer pessoa;

XI – Prestar assistência e conforto espiritual a todos que necessitem, de forma inteiramente gratuita, por intermédio dos Templos Umbandistas filiados.

XII – Associar-se a outras Entidades congêneres.”


Diante destes objetivos, destas finalidades e da intenção dos participantes percebi que meu temor deveria dar lugar a luta, minhas restrições deveriam ceder a liberdade de culto e de fé, que mais uma vez os Orixás colocavam diante de nós a possibilidade de nos integrarmos, nos unirmos em nome da Paz e do Amor.


Assim, saravá a esta iniciativa, que possamos respeitar as diferenças. Respeitar estas diferenças entendendo-as dentro de um rol de princípios que não podem ser deixados de lado sob a pena de não querermos defender uma causa e sim querermos criar espaços políticos, e é justamente isto que a FUEP não quer. A FUEP corajosamente aprovou o estatuto, corajosamente demonstrou o que queremos para a Umbanda.


Nossa casa agora é membro desta Federação, e por vontade dos demais irmãos estamos na Diretoria Executiva da Federação, o que nos traz responsabilidade e trabalho. Se quiserem associar sua casa a FUEP, se você quer se associar a esta nova idéia acompanhe nosso site e em breve haverá um link para a FUEP.


Saravá a força da união, a força da Umbanda.

Nenhum comentário: