terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mediunidade na Umbanda – Parte 1 de 4


Uma das maravilhas, uma das “coisas” que mais fascinam e ao mesmo tempo assustam as pessoas em um templo de Umbanda são as incorporações. É o fenômeno mediúnico, a cessão do corpo e da mente de um médium a outra inteligência, a outro espírito.

Mas antes de falarmos propriamente da mediunidade nos terreiros, a mediunidade da Umbanda é preciso conceituar a mediunidade, ou tentar fazê-lo. Nome criado pelo codificador do espiritismo ao trabalhar com o termo meio, intermediário. Ou seja, o médium é o intermediário, aquele que percebe, que capta, que sente a presença das energias, dos espíritos desencarnados, ou melhor, de espíritos, de seres e de energias de outros planos astrais.

Como se pode observar a mediunidade apesar de assim determinada por Kardec no final do século XIX é fenômeno muito mais antigo, sendo provavelmente tão antigo quanto a existência da vida em nosso planeta. Os profetas do antigo testamento, Jesus Cristo, Moisés, Buda, Confúcio, e tantos outros personagens de nossa história com certeza são exemplos de médiuns.

Isto nos traz uma indagação: existe alguém que de uma forma ou de outra não tenha alguma interação, ou que não sofra nenhuma influência de outros planos, dos espíritos, para não ser considerado médium?

Certamente que a resposta será negativa. De uma forma ou de outra sempre seremos influenciados, e sentiremos a presença de outras energias e espíritos, por isso que se fala que todos os seres humanos são médiuns.

Mas, você poderá perguntar: “se todos somos médiuns, todos poderemos trabalhar com a nossa mediunidade? Receber espíritos? Nos comunicarmos com eles de forma direta e inteligível?”

E é neste ponto que precisamos fazer uma diferença. Existirão aqueles em que suas mediunidades serão afloradas de uma tal forma que, seja por meio da incorporação, da visão, da escrita, da intuição, etc., ele ou ela poderão traduzir a vontade, as palavras, a força, as necessidades dos seres de outros planos astrais, e assim dos desencarnados (espíritos que já estiveram encarnados) de uma forma inteligível, e outros não conseguirão assim proceder. Assim digo que os médiuns que por uma das diversas formas de mediunidade possam expressar o pensamento de outros seres de outros planos são os médiuns de trabalho.

Isto não quer dizer em hipótese nenhuma que esses médiuns de trabalho possuem um dom, uma dádiva. Pois a mediunidade não é um presente, uma benesse divina para alguns escolhidos. É sim uma faculdade que Deus por meio dos Orixás dá a alguns indivíduos para que por meio desta faculdade possam resgatar suas dívidas, ao mesmo tempo em que levam a vontade e a força dos Orixás, que permitem que espíritos menos evoluídos possam receber ajuda e energias divinas.

Ou seja, ser médium não faz de ninguém um ser melhor, não é o mais especial, ou o mais abençoado, é um espírito igual a todos, e como todos, deve buscar um caminho para abdicar de suas vaidades, orgulhos e de seu egoísmo. É um ser que dentre inúmeras ferramentas que os Orixás nos dão, recebe a ferramenta chamada mediunidade.

Mas, ao mesmo tempo em que não é um dom, com certeza é uma responsabilidade, pois deverá fazer bom uso de sua faculdade. Se a mediunidade é um instrumento, uma ferramenta cabe a nós, médiuns, utilizá-la com muita fé, amor e responsabilidade.

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