Quem não ouviu falar que o ano de
2012 é o ano do fim do mundo? Muito tem se falado no ano de 2012, aliás, desde
que o mundo não acabou no ano 2000. A expectativa de muitos de plantão era que
a virada do último ano do milênio passado fosse a decretação do juízo final,
afinal eram essas as profecias.
Virado o milênio e as coisas
continuaram a existir, então surgiram novas profecias, ou melhor novas
interpretações e descobertas. A mais comumente vista é que o calendário Maia
(civilização ameríndia extinta) acaba neste ano. Outros colocam a data 12 de 12
de 12 as 12:12, como dia e hora para o fim do planeta.
Isso sem contarmos outras tantas
histórias que rondam sites, livros e revistas. Este tipo de profecia é uma das demonstrações
de que o homem sempre espera soluções fáceis. Não seria verdade esta afirmação
se encontrássemos em outras espécies a quantidade de suicídios que encontramos
nos humanos. Quando as coisas não andam como deveriam, quando não consigo
enfrentar meus problemas, sempre buscamos a solução mais rápida e fácil.
Quando estamos doentes buscamos
pílulas, comprimidos, xaropes que em uma dose resolvam tudo. Prova disso é o
que me aconteceu esses dias. Estava em uma fila de espera em um banco e escutei
com rabo de ouvido uma conversa entre duas senhoras de pouco mais de 60 anos.
Uma dizia que estava com uma espécie de cogumelo nos pés. A conversa se
desenrolava até eu entender que se tratava de um fungo nas unhas dos pés. E
falava revoltada com a outra pessoa que o tratamento era longo, seriam semanas,
ou meses tomando remédio e passando pomadas para vencer o tal cogumelo.
Revoltada, ainda mais, a outra senhora afirmava que como pode estarmos tão
evoluídos e ainda não termos uma pílula para resolver o problema de uma só vez.
Aquecimento global, violência,
sexo descompromissado, doenças incuráveis, epidemias avassaladoras, enchentes,
tornados, terremotos, secas, frio e calor intenso, tudo é sinal que o mundo vai
acabar, dizem os apocalípticos de plantão. Esta é a conclusão dos profetas, e a
data está posta. Tudo isto pois buscamos soluções fáceis e rápidas.
Infelizmente, ou felizmente, não
acredito nisso. Quanto mais tempo passo na seara umbandista e espiritualista
percebo que para mudarmos de verdade é preciso paciência, dedicação e atenção,
e não existe pílula para isso. O tempo permitirá que os espíritos sejam
resgatados, que outros sejam burilados, e que muitos sejam provados, e somente
com este tempo é que podemos construir em nós mesmos um mundo de paz e assim
contaminarmos o ambiente com esta paz.
O tempo chega a ser enaltecido
como Nkice pelos nossos irmãos Bantus, para os Yorubás, o tempo é o senhor da
existência neste plano, tamanha a importância do tempo para essas culturas
milenares. Os pretos-velhos nos ensinam isso a todo instante, entender,
compreender o tempo, e aproveitar este tempo para a multiplicação de estados
altruístas em nós e no ambiente.
O mundo não acabará, mais fácil será
o ser humano ser extinto, afinal a Terra existe há milhões de anos e nós apenas
a alguns milhares. A nossa arrogância chega a tal ponto que acreditamos que
vamos acabar com o mundo ou então vamos salvá-lo. Estamos, sim, destruindo a
nossa possibilidade de encarnar neste planeta enquanto humanos, mas isso levará
anos e com muitos sofrimentos.
As condições da Terra ficarão
mais difíceis haverá escassez de recursos, doenças tropicais em locais antes
inimagináveis, cataclismos irão se propagar, a natureza se mexe para rearranjar
seu equilíbrio e sua harmonia. Mas, como tudo levará tempo, e será um processo
que já começou, infelizmente.
O que quero dizer é que devemos,
temos esta obrigação com a vida e com Deus, mudar nossos hábitos, rever nosso
modelo de sociedade e de desenvolvimento. Calçarmos nossas vidas em objetivos
permanentes e eternos; os objetivos das virtudes e da felicidade, e não nas
questões transitórias que iludem nossa mente.
Separar o lixo, diminuir o uso de
plástico e de outras substâncias não naturais, diminuirmos o uso de
combustíveis, frearmos o consumismo, andarmos menos de carro e mais a pé, de
bicicleta ou de transportes coletivos. Reciclarmos o lixo, reaproveitarmos
tudo, não despejar lixo ou substâncias tóxicas nos rios, mares, diminuirmos o
consumo de água, de energia elétrica, etc. São medidas mais que necessárias e
urgentes, são medidas que comprovarão nossa responsabilidade com a vida e com a
Umbanda.
Este ano vamos buscar as soluções
certas, sejam elas fáceis ou difíceis, vamos buscar entender o tempo, e usar o
tempo que Deus e os Orixás deram a cada um para buscarmos nossa iluminação e
ajudarmos a todos em nosso entorno a fazerem o mesmo. Vamos usar este tempo não
para lamentar o passado, ou querer prever o futuro, mas usar este divino tempo
para fazer do hoje, do ano de 2012 o melhor ano de nossas vidas, respeitando e
preservando a natureza.
Sarava nosso Pai Oxalá. Epa Babá.