quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As festas e homenagens aos Orixás nos Terreiros - Por que fazer?


Algumas vezes por ano em muitos terreiros, e em nossa cabana, encontramos as festas ou homenagens aos Orixás e aos guias. Assim, por exemplo, na gira mais próxima ao dia 20 de janeiro os terreiros vão celebrar o Orixá Oxossi.

Em algumas casas veremos giras especiais, em outras encontraremos apenas uma oferenda. Mas, vou relatar rapidamente como isto se dá em nossa casa. Nestes dias pedimos aos médiuns que cada um traga alguma parte da oferenda. Assim, uns trazem velas, outros frutas, outro traz a fita, as flores, e assim por diante.

A gira acontecerá normalmente, haverá o passe, depois as consultas aos nossos irmãos da assistência. Mas, em um determinado momento uma das entidades chefes da casa pede pontos para o Orixá. Então a entidade chefe risca um ponto coloca alguns dos elementos entregues pelos médiuns (que são dispostos aos pés do peji - do altar), acende as velas, firma o ponto e então todos batem a cabeça para o homenageado.

Na continuidade chamam-se os representantes daquele Orixá, os médiuns incorporam e toda a oferenda é abençoada pelos guias e mensageiros dos Orixás. Depois desta benção todas as frutas e flores e alimentos que não foram utilizados no ponto, que são a maioria das entregas, são ofertadas a todos os presentes. Então todos podem comer um pedaço, levar uma flor para casa, etc.

Bem, mas qual o objetivo disto? Por que os terreiros de Umbanda realizam estas festas ou homenagens?
A Umbanda é uma religião magística, e por esta razão não esconde que manipula os elementos materiais. Sobre este tema postamos um texto que recomendo a todos a leitura “Oferendas e entregas por que fazer”.

Mas, além das razões descritas naquele texto as homenagens dos Orixás nos terreiros serve, também, a outros propósitos. Neste dia em que saudamos um Orixá ou um povo somos compelidos a pensar e a entender um pouco mais do homenageado. Todos os presentes vão beber da fonte deste Orixá ou deste povo. Vão receber a vibração daquele Orixá e mais do que isto vão compreender a existência daquela força divina.

No dia-a-dia dos terreiros muitos consulentes sequer percebem claramente a diferença entre um povo e outro, entre um Orixá e outro. É naquele momento da homenagem ou da festa, que todos compreenderão um pouco mais.
Mas, além disto ao fazermos uma entrega coletiva, reforçamos os laços entre os médiuns, pois juntos estamos saudando um Orixá e pedindo a sua benção para a nossa casa. Juntos batemos a cabeça em um sinal de que todos estamos de acordo em nos submetermos a lei e a vontade divina expressa naquele Orixá.

Os elementos entregues serão manipulados para aumentar a nossa força enquanto comunidade, enquanto terreiro e enquanto médiuns. Todos estaremos ao mesmo tempo imbuídos de saudar e de sentir aquele Orixá homenageado.

Continuando neste círculo virtuoso todos iremos dividir a comida do Orixá, vamos compartilhar as frutas, as flores com nossos irmãos de corrente e com nossos irmão da assistência . O simples ato da partilha nos torna uno, fortalece nossa relação de irmãos e irmãs, e além disto estamos recebendo as bênçãos naquele alimento uma vez que ele foi abençoado pelos nossos guias enchendo-os da força da Umbanda.

Assim nestes dias pare e não esqueça de pedir ao Orixá, de sentir este Orixá e perceber que todos estamos interligados e naquele momento poderemos gozar de uma união e de uma benção especial. Todos os dias podemos e devemos nos sentir assim, mas em dias de festa e homenagem, aproveitemos para mentalizar a união do seu terreiro, que o homenageado fortaleça a corrente e a mediunidade de todos.

Saravá a Umbanda, saravá a todas as festas e homenagens que a Umbanda presta a Deus, aos Orixás, as Formas de apresentação (povos) e a toda a vida.